Quando o general Mourão recebeu aquele colherada de sorvete na boca, não imaginava que nas mãos de Carola Cimini, a generosa morena do aviãozinho, já existiram algemas. Em 2 de dezembro de 2014, ela foi presa pela Polícia Federal do Paraná na Operação Denarius, que desarticulou uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Carola era casada com Edvaldo Muniz da Silva, o Toni Boiada, apontado à época como chefe da quadrilha e ainda preso.
“Na verdade, já estávamos separados. Me lembro como se fosse hoje. Eu estava dormindo quando os policiais federais chegaram ao meu apartamento. Bateram várias vezes na porta e, quando abri, foram entrando com um mandado de busca e apreensão. Eu não entendi nada. Um delegado mandou eu arrumar uma mala com roupas confortáveis e ir com ele para a sede da PF. Arrumei três. Ele me disse: ‘Bonitona, você não vai viajar pro exterior’. Eu realmente não estava entendendo nada”, recorda Carola.
Ela ficou dez dias presa e foi solta após não encontrarem evidências de seu envolvimento, segundo ela. “Não acharam nada que me ligasse à quadrilha. Eu realmente não fazia ideia de nada, não tinha nada no meu nome que me comprometesse”, garante: “Obviamente, eu pensava que podia ter algo errado. Mas o Edvaldo me levava nas fazendas, eu via aquelas cabeças de gado, o patrimônio dele era imenso. Como poderia imaginar que tinha droga envolvida?”.
Carola chegou a ser processada e ficou cara a cara com o juiz, e agora futuro Ministro da Justiça, Sergio Moro. “Fui absolvida de tudo. respondi ao processo durante dois anos e ficou provado que nada tinha de errado comigo. Mas isso me atrapalha até hoje. Até para arrumar um namorado”, lamenta ela, que diz ter tido depressão após o episódio.
Inocente, porém, nem tão enganada assim
Enquanto vivia com Edvaldo, Carola conta que recebia dele R$ 30 mil de mesada por mês. Os dois tinham uma união estável e dela tiveram uma filha, hoje com 8 anos. “O conheci aos 17 anos. Sou de Rondônia, ele tinha negócios lá, nos apaixonamos e ele me trouxe para o Paraná. Eu era muito ingênua. Só quando tinha oito meses de namoro descobri que ele havia sido preso em 2002, em Campinas. Mas já estava apaixonada”, explica a morena.
Carola é de Ariquemes, e parte de sua família vive na cidade
A morena atualmente vive em Londrina
Carola jura que saiu do relacionamento com uma mão na frente e outra atrás. “Saí da prisão e fui para casa de uma amiga. Perdi tudo. Carro, apartamento, tudo…”, conta ela, que, no entanto, não se arrepende do tempo em que usufruiu de um dinheiro ilícito, fruto de falcatruas, tráfico de drogas e corrupção. Mesmo sendo uma defensora da prisão de Lula e de outros políticos na Lava-Jato: “Não acho que seja a mesma coisa. Esse povo lesou o país, foi uma roubalheira com os brasileiros. O que aconteceu com meu ex foi outra coisa. Se eu soubesse que o patrimônio dele era tão grande (algo em torno de R$ 60 milhões) eu não pediria R$ 30 mil por mês, mas R$ 60 mil”.
Nos autos do processo no STF, diz-se que Carola, na época, recebia um salário de R$ 831, e em seu nome havia um apartamento no valor de R$ 192 mil — incompatível, portanto, com seus proventos.
Críticas à aproximação com o vice-presidente eleito
Desde que as fotos de seu paparico ao General Mourão vieram a público, Carola Cimini recebeu várias críticas. “Acharam que eu expus o general. Gente, era um evento, fiz as fotos na frente de todos. Não estávamos pelados! Foi uma brincadeira”, justifica.
Fato é que, da noite para o dia, Carola ficou famosa. E já começa a angariar os benefícios. “Me chamaram para fazer uma linha de maquiagem, posar para um catálogo de joias e fabricar uma sandália com meu nome”, comemora ela, que hoje diz trabalhar como maquiadora e faz curso para pilotar aviões particulares.
Dentre seus detratores, vários a apontaram como garota de programa. “Disseram que eu tenho uma fazenda em Minas onde recebo políticos e ofereço meninas. Gente, eu iria fazer isso usando meu nome verdadeiro? Jamais! É que mulher bonita e solteira sempre é mal-vista”, avalia.