Segundo informações, Adriano de Castro estaria envolvido em suposto favorecimento à Campanha Eleitoral de Marcos Rocha
Um dia depois de serem denunciados de estarem envolvidos em suposto esquema de extorsão de empresários que detém contratos com a Secretaria de Justiça de Rondônia (Sejus), o secretário da pasta Adriano de Castro e o assessor Thiago Thiago Muzuco foram exonerados do cargo pelo governador do estado Daniel Pereira (PSB).
Segundo informações extra-oficiais, Adriano pediu a própria exoneração após as denúncias se tornarem públicas, e orientou o assessor da Sejus Thiago Muzuco que fizesse o mesmo “até que sejam esclarecidas as acusações”.
Conforme o site painel político, a denúncia foi formalizada no dia 17 deste mês ao Ministério Público Eleitoral de Rondônia (MP/RO). Nela, empresários que prestam serviços ao Governo do Estado através da Secretaria de Justiça teriam afirmado que foram abordados por Thiago Muzuco, assessor do secretário de Justiça exonerado Adriano de Castro, que exigiu pagamento de R$ 175 mil para serem usados supostamente na Campanha Eleitoral do candidato ao Governo do Estado no segundo turno das Eleições 2018 Marcos Rocha (PSL) e ex-secretário da pasta. O acordo seria em troca da liberação de pagamentos atrasados e renovação do contrato a partir de 2019.
Declarações ao MP
Os proprietários da empresa foram ouvidos pelo promotor de Justiça Rogério José Nantes. De acordo com o depoimento de um deles, um dos contratos com a Sejus, venceu em setembro deste ano, e segundo perto do vencimento, começaram a ser procurados por Thiago, que era coordenador da gerência de Infraestrutura da Sejus.
“Entretanto, o mesmo acabou por comparecer na minha empresa, no período noturno, há aproximadamente uns dez dias atrás (o depoimento foi dado em 17 de outubro), de posse de uns papéis, afirmando que minha empresa tinha muito lucro e que eles haviam feito um cálculo na Sejus que demonstrava que esse lucro e que os preços estariam superfaturados, o que, absolutamente, não é verdadeiro. Thiago afirmou que, em razão disso, a Sejus talvez poderia cancelar o contrato e que para que fosse possível renovar o contrato, o Secretário da Sejus Adriano, falou que seria necessária uma contribuição ao fundo partidário no valor de R$ 175 mil. Pelo cálculo que havia sido feito, o lucro da empresa seria de R$ 325 mil e que a empresa poderia, portanto, fazer a doação na quantia solicitada. Na hora fiquei nervoso, meu sogro estava junto e começou a conversar com Thiago. Minha esposa também presenciou tal conversa, falamos que não tínhamos o dinheiro e que não havia condições de levantar a quantia”, diz o depoimento.
Ao prestar declarações, o empresário continuou, “fomos ao CPA (Centro Político Administrativo do Governo do Estado), até o gabinete da Sejus onde fomos recebido por Thiago, que condicionou o pagamento de débitos pretéritos à doação. Essa conversa foi gravada”, garante, dando detalhes do encontro, e afirmando que os valores foram reduzidos para R$ 150 mil, e sua empresa tinha créditos para receber desde julho deste ano, mas a liberação desses pagamentos estava condicionada a “doação”.
Gravações
Ainda de acordo com a denúncia, todas as conversas com Thiago foram gravadas. Nela, o assessor do secretário afirma ainda que “a proposta do secretário era aquela e que poderia levar uma contraproposta ao secretário”, e “o dinheiro poderia ser entregue de uma vez, não poderia ser parcelado”.
Para ajudar a empresa a conseguir o dinheiro, pagaria as três notas pendentes, uma no valor de aproximadamente R$ 87 mil, e as outras de R$ 10 mil cada”.
No depoimento, o empresário afirma ter ficado indignado com o achaque, “minha empresa ganhou o contrato de forma correta, através de pregão eletrônico”.
Ao formularem as denúncias, o painel político afirma que os empresários entregaram o aparelho telefônico que contém quase 7 horas de gravação, dos diversos encontros com o secretário e com o assessor. Também foram entregues “prints” das telas de suposta conversa entre Thiago e o secretário Adriano, que teriam sido enviadas pelo próprio Thiago para comprovar que o secretário acompanhava as negociações.
As gravações foram feitas sob orientação do próprio Ministério Público. Em uma das conversas, a filha do empresário fala sobre a campanha de Marcos Rocha, e afirma que gostaria de falar “diretamente com o candidato”, porque segundo ela “quem não é visto, não é lembrado”.
Trechos das conversas degravadas conforme gravação feita sob orientação do Ministério Público:
- Empresária: Mas, a minha preocupação maior agora é ser vista, porque quem não é visto não é lembrado.
- Tiago: Perfeito!
- Empresária: Então minha condição é essa.
- Tiago: Tá bom.
- Empresária: A minha condição é essa. Não precisa, sei lá, o candidato Marcos…
- Tiago: Porque hoje em dia eu tento… Ninguém consegue falar com Marcos Rocha hoje, né?! Hoje em dia o Marcos Rocha é o homem procurado.
NOTA
Sobre a notícia veiculada o ex-secretário de Justiça acusado de estar envolvido nas denúncias, publicou: “Em nenhum momento condicionei o pagamento de contratos ao recebimento de qualquer vantagem indevida que seja, muito menos coaduna com este tipo de comportamento.
No tocante ao eventual ato ilícito cometido pelo assessor, ou qualquer outro servidor que seja, a responsabilidade administrativa será apurada.
Quanto à preferência pelo candidato apontado na matéria, informo que em nenhum momento me posicionei publicamente, posto que o partido político a qual integro, o PSB, decidiu pela neutralidade neste segundo turno.
Por fim, informo que a Sejus sob a minha gestão sempre foi às claras, e que prestarei todas as informações que o Ministério Público requerer, e desde já me ponho a disposição”.
Adriano de Castro
Secretário de Justiça
O Governo do Estado ainda não se pronunciou sobre as denúncias. O Ministério Público Eleitoral deve se manifestar nos próximos dias.