Eleição 2018 é a primeira em que os candidatos têm a possibilidade de pagar para ter postagens impulsionadas nas redes sociais
A eleição deste ano é a primeira em que os candidatos podem pagar para impulsionar postagens nas redes sociais. Com menos tempo na TV e no rádio e um período de campanha mais curto, a tendência seria o aumento dos gastos para ter mais visibilidade na internet.
No entanto, entre os 14 candidatos na disputa pela presidência, dez, incluíndo o ex-presidente Lula, declaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terem pago para impulsionar post nas redes. Os valores correspondem a apenas 2,9% dos mais de R$ 130 milhões já gastos pelos candidatos com as campanhas até o momento.
De acordo com dados divulgados pela Justiça Eleitoral, os gastos declarados com o impulsionamento das campanhas presidenciáveis nas redes sociais somam R$ 3.832.343,90, até o dia 25 de setembro.
O especialista em marketing eleitoral da FGV (Fundação Getulio Vargas) João Ricardo Matta classifica os impulsionamentos como uma "propaganda eleitoral clássica" e explica que o baixo percentual de gastos com as ferramentas é motivado pelos compartilhamentos dos eleitores.
"Os eleitores estão, literalmente, fazendo o papel da propaganda tradicional. O boca a boca, que sempre existiu, tomou uma dimensão muito além do que se imagina, mostrando a força das redes sociais", afirma.
Matta ainda diferencia os internautas da militância partidária que comparecem aos comícios. “Nas redes sociais, quando se tem um engajamento do eleitor, há um fator multiplicador muito grande e o dinheiro deixa de ser o mais importante”, explica.
Gastos por campanha
O fato das prestações de contas dos candidatos indicar que pouco dinheiro está sendo destinada para patrocinar postagens não significa que a internet não está sendo utilizada.
A campanha de Henrique Meirelles (MDB), candidato que tem entre 1% e 2 % das intenções de voto nas últimas pesquisas, foi quem declarou o maior gasto com redes sociais. Foram 28 impulsionamentos, com média de R$ 50 mil cada, totalizando mais de R$ 1,6 milhão. O que corresponde a mais de 43% do valor total gasto por todos os presidenciáveis para alavancar conteúdos.
“Quanto menor for a visibilidade de um candidato nas redes mais dinheiro deverá ser gasto para impulsionar campanhas digitais para ter um bom resultado”, afirma Fábio Malini do Labic (Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercultura), da Universidade Federal do Espírito Santo.
O ex-presidente Lula não é mais o representante do PT na eleição, porém, durante o período em que esperava a decisão da justiça sobre sua candidatura, gastou mais de R$ 500 mil com postagens nas redes, cerca de um terço do que Meirelles investiu.
A chapa com Fernando Haddad no lugar do ex-presidente foi confirmada na disputa em 11 de setembro e desde então a campanha já gatou quase o mesmo que Lula. Em 14 dias de campanha oficial, foram pagos R$ 450 mil para fazer impulsionamento, segundo dados do TSE.
Geraldo Alckmin (PSDB), com intenções de votos abaixo de 10%, é o terceiro postulante ao Planalto que mais gastou com as redes. No total, foram nove impulsionamentos no valor de R$ 50 mil cada. No total, a campanha tucana desembolsou R$ 450 mil.
O candidato do Partido Novo, João Amoedo, que oscila entre 2% e 3%, gastou R$ 268 mil para ter propagandas veiculadas na timeline dos usuários.
Em seguida, aparece Guilherme Boulos (PSOL), com 1% dos votos, gastou R$ 200 mil. Marina Silva (Rede) R$ 100 mil, Álvaro Dias (Podemos) R$ 75 mil e Ciro Gomes (PDT) R$ 50 mil para ter maior visibilidade pela internet. A candidata Vera Lucia (PSTU) desembolsou apenas R$ 2.500 com a ferramenta.
Os demais candidatos Cabo Daciolo (Patriota), Jair Bolsonaro (PSL), João Goulart (PPL) e José Maria Eymael (DC) e não declaram gastos com esse tipo de campanha até o dia 25 de setembro.