Conta com mais de 2 milhões de participantes, administradoras da página também tiveram seus perfis pessoais nas redes sociais e contas telefônicas invadidas
O Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos, da Polícia Civil da Bahia, investiga um ataque à página de um grupo que reúne mulheres que são contrárias ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) no Facebook. A informação foi passada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA), que, em nota, informou que ainda não há informações sobre a autoria do ataque.
Batizada de 'Mulheres Unidas contra Bolsonaro', a página no Facebook conta com mais de 2 milhões de participantes. O grupo, criado em 30 de agosto deste ano, chegou a ficar fora do ar temporariamente na madrugada deste domingo (16) e teve o funcionamento restabelecido por volta das 12h do mesmo dia.
As administradoras da página também contam que tiveram seus perfis pessoais nas redes sociais e contas telefônicas invadidas. Uma delas, a professora universitária baiana Maíra Motta, de 40 anos, relata que teve o perfil sequestrado e utilizado para postar mensagens de ódio.
"Por causa dos ataques, eu tive que comprar um chip novo. Eu só consegui resgatar o meu número na madrugada de sábado. Já a minha conta do Facebook, eu cheguei a alterar a senha por diversas vezes, mas eles voltavam a hackear. Precisei mudar a senha quatro vezes", contou Maíra.
Ela registrou boletim de ocorrêcia sobre o caso no Distrito Integrado de Segurança Pública (Disep) de Vitória da Conquista, município que fica no sudoeste baiano, no sábado (15).
Em nota, o Facebook informou que o grupo foi desativado após "atividades suspeitas" serem detectadas, mas não especificou as ações que levaram a página a ficar fora do ar.
Em informe à imprensa, as administradoras do grupo disseram que já tiveram as contas reestabelecidas. "Vivemos em uma democracia, ainda que constantemente ameaçada, não será através da força, da ilegalidade e da desonestidade que nossos votos serão convertidos, serão ainda mais reafirmados, contrários a todo e qualquer ato e discurso de ódio”, diz a nota.
Ataques
De acordo com a assessoria de comunicação do grupo, o primeiro caso de invasão ocorreu na sexta-feira (14), às 14h. O grupo relatou que uma pessoa entrou no perfil de uma das administradoras e divulgou, em uma postagem, dados pessoais dela, como CPF, RG, título de eleitor, dentre outras informações.Administradoras tiveram dados expostos no Facebook Outra administradora do grupo relatou que sofreu ameaças pelo WhatsApp. Na mensagem, segundo a mulher, o invasor afirmava que ela deveria sair da página ou também teria os dados pessoais expostos.
Ela disse que, em seguida, foram postadas na página do grupo ofensas por meio do perfil invadido da administradora.Mais tarde, uma terceira administradora do grupo diz que também teve o perfil invadido. O nome da página, segundo relatos das administradoras, foi alterado para 'Mulheres Com Bolsonaro' e a descrição da página modificada.
Conforme as administradoras da página, o ataque mais recente ao grupo aconteceu no sábado (15), por volta de 21h30. Elas relataram que o invasor conseguiu tornar-se administrador da página e removeu, gradativamente, administradoras e moderadoras.
As administradoras disseram que o hacker modificou, ainda, o nome do grupo e trocou a foto de capa da página. A invasão causou reação das participantes, que se manifestaram contra os ataques por meio de postagens na página principal, conforme relataram as mulheres que administram o grupo.
Investigações
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que "o caso será investigado pela Polícia Civil através do Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos e que ainda não há informações sobre a autoria do ataque".