País teve 1.133 mulheres mortas por serem do sexo feminino e outras 3.406 foram assassinadas por "outros motivos". Dados foram compilados em dossiê
O Brasil teve 1.133 vítimas de feminicídios no ano de 2017, de acordo com os dados do 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Conforme a lei 13.104 de 2015, o crime é caracterizado quando uma mulher é morta “por razões da condição de sexo feminino”.
Outras 3.406 mulheres foram vítimas de homicídios em casos que não foram registrados como feminicídio, segundo o anuário. O número total de mulheres mortas no ano passado (4.539), de acordo com as informações do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), é 6,1% maior do que em 2016.
Os números foram compilados pelo Instituto Patrícia Galvão, que divulga as informações na plataforma digital "Violência contra as Mulheres em Dados". O dossiê reúne pesquisas e dados relacionados às violências contra as mulheres no Brasil, com foco na violência doméstica, sexual e online, além de feminicídios.
Os dados também apontam que o ano de 2017 teve 221 mil casos de lesão corporal doloso (quando há intenção) enquadrados na Lei Maria da Penha. O número representa mais de 600 casos de mulheres sendo agredidas fisicamente por dia no Brasil. Segundo o FBSP, o ano ainda contou com 60 mil estupros registrados, o que corresponde a 164 registros por dia no país.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirma que “os números de violência contra a mulher devem ser ainda maiores, já que Distrito Federal, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Roraima não informaram os dados”.
Com as informações pesquisadas, os Estados com piores taxas de violência contra mulher para 100 mil habitantes são Santa Catarina (225,9), Mato Grosso do Sul (207,6) e Rondônia (204,9).
Nome dos números
Uma das vítimas que consta nas estatísticas é a vendedora Aline de Souza Pereira, 29 anos. Ela foi morta pelo ex-namorado em agosto do ano passado, na zona leste de São Paulo.
Conforme registrado na Polícia Civil, a mulher estava chegando do serviço, desceu do ônibus para ir para casa por volta das 23h de um domingo, quando o ex-namorado apareceu e atirou nela.
A vendedora morreu no local. O homem tentou fugir, mas foi abordado por policiais militares menos um quilômetro distante do local onde cometeu o crime, e confessou.
As investigações policiais apontaram, na ocasião, que a vítima já havia sido agredida pelo ex-namorado, mas não relatou à polícia por medo de represália.
Os dois tinham namorado e morado na mesma casa por cerca de seis meses e estavam há dois meses separados, até ele cometer o feminicídio.