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AGORA: PF manda laudo para Moro sobre mensagens recuperadas no computador de Odebrecht




Nos e-mails estão conversas sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula



A Polícia Federal (PF) enviou ao juiz Sérgio Moro um novo laudo, sobre mensagens recuperadas no computador do empresário Marcelo Odebrecht. Entre as 27 páginas do documento, estão o resultado da análise de dezenas de e-mails enviados e recebidos, no período de agosto a dezembro de 2010. A informação é do Estadão.


O laudo foi anexado no dia 16 de agosto na ação penal, sobre supostas propinas da Odebrecht para o ex-presidente Lula, de um terreno de R$ 12,5 milhões para a sede do Instituto Lula e a cobertura, R$ 504 mil, que fica ao lado da residência do petista, em São Bernardo.


Para o Ministério Público Federal (MPF) o terreno da Rua Haberbeck Brandão, em São Paulo foi comprado em nome da DAG Construtora com recursos da Construtora Noberto Odebrecht, para abrigar o Instituto Lula. Essa compra teria ocorrido em 2010 por intermédio, do então deputado federal Antonio Palocci, que tinha contato com Marcelo Odebrecht e Paulo Melo, que era executivo da Odebrecht Realizações Imobiliárias.


Ainda de acordo com a denúncia, também esteve envolvido na negociação, o advogado Roberto Teixeira, que é comprade de Lula e do pecuarista José Carlos Bumlai. Entre as dezenas de conversas por e-mails, uma delas cita interlocutores identificados como “RT” e “JCB”.


Leia parte dessas conversas, que ocorreram por meio de e-mails, e estão no laudo da Polícia Federal.


No dia 13 de julho de 2010, Marcelo enviou um e-mail para o executivo Paulo Melo com o assunto “Prédio institucional”. No texto ele questiona “Alguma evolução?”. A resposta de Melo é ” Evolui na estruturação com MG, tínhamos uma reunião com RT e JCB ontem para tratar do assunto, mas RT teve um problema de saúde e pediu adiamento.Estou aguardando contato deles. ABC”.


O empresário voltou a questionar Melo após seis dias, ” O pecuarista/ advogado evoluíram em algo?”. Paulo Melo responde “Ele está fora do Brasil até amanhã. O advogado teve apendicite e ficou fora do ar a semana toda também. Já demos a estrutura ajustada para apresentar-lhes e a pessoa que irá dar o suporte técnico, estamos só aguardando ser acionados, o que deve ocorrer na quarta-feira”.


No dia 8 de setembro de 2010, Paulo enviou um e-mail com assunto “Programação” onde pediu que “Bira/Hilberto” programasse um pagamento. Hilberto Silva era na época o chefe do “setor de propina” da Odebrecht. “Prezados Bira/ Hilberto, favor programar os pagamentos conforme cronograma abaixo: Data: 23/09/2010, valor R$ 1.057,920. Data: 30/09/2010, valor R$ 1.057.920 e Data: 07/10/2010. Projeto Institucional SP, Responsável: Paulo Melo. Marcelo, por favor replicar o e-mail autorizando”, escreveu Paulo Melo. O e-mail foi enviado com cópia para Marcelo e outros executivos.


No outro dia a conversa continua, “Marcelo, o custo referente a este projeto será debitado a alguma UE específica? Preciso desta informação para que Bira possa alocar a despesa. Obrigado, abraço”.


Algum tempo depois, Odebrecht foi alertado por Melo sobre “eventuais riscos da aquisição”, com uma análise jurídica do caso. “As conclusões são preocupantes, e imagino que não tenha sido possível assinar a escritura hoje pela falta de algumas das certidões citadas. Estou encaminhando apenas para seu conhecimento. Continuo aguardando orientações dos interessados. (ele acredita que a escritura poderá ser lavrada na quinta-feira). Abraços”.


A resposta do empreiteiro ocorreu no outro dia, com o seguinte e-mail. “Já encaminhei ao italiano. Caso não escute nada vamos em frente”.


No dia 22 de setembro, Marcelo Odebrecht enviou um e-mail para um interlocutor ligado a construtora DAG, “Prédio: sigilo total. Fora as pessoas da OR envolvidas, ninguém mesmo na casa sabe”.


No dia 24 de setembro, Odebrecht questiona Melo. “Pagou-se o prédio?”. A resposta só chegou após cinco dias, “Marcelo, o imóvel foi comprado hj via contrato particular e efetuado o pagamento. Não foi possível fazer a escritura publica ainda por pendencias de documentos dos vendedores, o advogado esta providenciando a solução. Abraços, PM”.


Paulo Melo volta a tratar da compra no começo de outubro daquele ano, “Marcelo, o advogado solicitou que tomássemos posse do prédio. Providenciei uma equipe de segurança contratada pela empresa compradora. Há um alinhamento de quais serão nossas responsabilidades? Abraços PM”.


A resposta de Odebrecht foi “Até agora era soh comprar! Mas ok, coloque a empresa de segurança. Mas avise o advogado que qq coisa a mais precisamos ser orientados pelo deputado”.


Com essa, são três ações penais contra o ex-presidente Lula que estão sob a responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O primeiro processo sobre o triplex do Guarujá, culminou na prisão do petista, o segundo é sobre o sítio de Atibaia.


Lula está preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre a pena de 12 anos e um mês pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

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