Quase metade (46%) dos jovens brasileiros, entre 25 e 29 anos, está inadimplente. É o que apontam os dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Já entre os que têm idade de 18 a 24 anos, a proporção é de 19%. Somados, os dois grupos representam cerca de 12,5 milhões de pessoas.
Para o especialista em risco e recuperação de créditos do grupo de cobranças Cercred, Alessandre Sibinelli, os principais motivos para o endividamento entre os jovens são: falta de planejamento financeiro, crescimento do desemprego e redução da renda per capita (por pessoa).
Em indicadores da empresa, as dívidas com bancos (principalmente cartão de crédito) aparecem em primeiro lugar, com 45%, diretamente relacionadas a itens de consumo, como vestuário, cosméticos e lazer. Em segundo, aparecem os débitos com comércio (cartões de lojas), que são responsáveis por 30% das inadimplências dessa faixa etária. Em seguida, vêm os gastos com telefonia celular (15%) e outros itens (10%), a exemplo de educação, água, luz e moradia.
— Um grande problema é que as pessoas utilizam o limite dos cartões como receita financeira extra e o não pagamento de um ou mais cartões só fará aumentar o endividamento e afetar a capacidade de honrar com compromissos — opinou Alexandre.
O especialista ainda recomenda evitar compras por impulso, reservar 10% da renda mensal para despesas emergenciais e, para quem já está negativado, negociar valores que consiga pagar, mesmo que sejam necessários prazos mais longos de parcelamento.
Segundo dados da CNDL e do SPC Brasil, o volume de consumidores com restrição no CPF cresceu 4,31% na comparação entre julho deste ano e de 2017. Ao todo, o país fechou o último mês com 63,4 milhões de negativados, ou seja, 41% da população adulta.
A taxa de inadimplência entre pessoas físicas avançou 1,47% na comparação anual. O crescimento mais expressivo, de acordo com a estatística por setor, foi o das contas de serviços básicos, como água e luz, que tiveram alta registrada de 7,66% na comparação entre o mês de julho de 2017 e de 2018. Em seguida, aparece o número de dívidas bancárias, incluindo cartão de crédito, cheque especial, empréstimos, financiamentos e seguros, que subiu 6,90%.