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POLÊMICA: Delatores revelam operador de propinas em reunião, em hotel, ‘para ajuste de mercado’ do R



Executivos da Carioca Engenharia fecharam acordo de leniência e apontaram participação de Adir Assad no encontro, em 2008, em hotel em São Paulo, que teria sido convocado pelo então diretor de Engenharia da Dersa Paulo Vieira de Souza

Dois executivos ligados à Carioca Engenharia revelaram em acordo de leniência que o doleiro Adir Assad, apontado pela Operação Lava Jato como operador de propinas, participou de uma reunião em um hotel, em São Paulo, no primeiro semestre de 2008, que teria sido convocada pelo então diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Os delatores afirmaram que foram ao encontro ‘representantes das onze construtoras do Trecho Sul do Rodoanel e representantes de algumas outras construtoras, numa sala de conferências do Hotel Meliá Jardim Europa’.


As obras do Rodoanel Sul são alvo de denúncia da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo à Justiça em 3 de agosto. Adir Assad, que também é delator, foi convocado pelo Ministério Público Federal como testemunha de acusação do processo contra 33 investigados – ex-agentes públicos e representantes de construtoras – por fraudes a licitações e cartel.


Segundo a denúncia, o cartel teve seis fases distintas e começou a ser organizado em 2004. Assad é citado na fase 5.

Paulo Vieira foi nomeado, em março de 2007, diretor de Engenharia da Dersa. O executivo passou, então, a ser responsável internamente pela fiscalização da execução do Trecho Sul do Rodoanel.


“A partir daí, realizava sistematicamente reuniões com os agentes conluiados das construtoras do Trecho Sul do Rodoanel”, afirmam os procuradores.

Segundo a Lava Jato, ‘no primeiro semestre de 2008, Paulo Vieira de Souza convocou uma reunião coletiva com representantes das onze construtoras do Trecho Sul do Rodoanel e representantes de algumas outras construtoras, numa sala de conferências do Hotel Meliá Jardim Europa (localizado próximo à Dersa, na Rua João Cachoeira, no Itaim Bibi)’.


“Ali apresentou com mais detalhes o conjunto de obras do Sistema Viário e afirmou que continuaria as tratativas individualmente com os representantes das empresas presentes, garantindo que todos que quisessem participar do ajuste de mercado seriam atendidos. Nesta reunião estiveram presentes, entre outros, Roberto Cumplido (CNO), Carlos Henrique Barbosa Lemos (OAS), Carlos Alberto Mendes dos Santos (QG), João Carlos Gomes (Galvão Eng.), Nicomedes de Oliveira Mafra Neto (CR Almeida), Paulo Twiaschor (Serveng), Luiz Claudio Mahana (EIT), Roberto Lauar (Carioca), Maurício Valadares Gontijo (Carioca), e também Adir Assad”, declarou.


Delação da OAS também cita Adir Assad

O administrador Mateus Coutinho de Sá, um dos delatores da OAS, detalhou em depoimento homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) as operações que fez com Adir Assad por meio da empresa Legend. No depoimento, o executivo disse acreditar que ‘tais operações sejam relativas às obras do Rodoanel Sul’.

O delator da OAS foi chamado a depor pela Operação Pedra no Caminho, que investiga desvios no Rodoanel Norte. À Polícia Federal, o executivo contou que ‘trabalhou no setor de projetos estruturados da OAS, responsável por pagamentos de caixa dois da empresa’.


“Quando se iniciaram as obras do Rodoanel Norte já havia saído do setor de projetos estruturados da OAS e portanto não tem conhecimento de pagamentos via caixa dois sobre essa obra”, declarou.


Mateus Coutinho relatou que trabalhou no departamento de projetos estruturados da empreiteira até o final de 2012, ‘período em que realizou operações envolvendo o doleiro Adir Assad, por meio da empresa Legend por ele controlada’.


“Acredita que tais operações sejam relativas às obras do Rodoanel Sul; que se trata do anexo nº 15 de sua colaboração premiada”, afirmou.

COM A PALAVRA, A DERSA

“A DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S/A esclarece que conduz as licitações de suas obras obedecendo à legislação em vigor e por meio de procedimentos transparentes. Portanto, a Empresa desconhece e jamais avalizaria qualquer reunião à margem dos preceitos que regem seus processos licitatórios.”


“Se houve conduta ilícita de pessoas físicas então vinculadas à Companhia com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões. O Governo do Estado de São Paulo e a DERSA são os grandes interessados acerca do andamento das investigações e reforçam seu compromisso com a transparência, mantendo-se, como sempre o fizeram, à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço da apuração.”


COM A PALAVRA, A DEFESA DE PAULO VIEIRA DE SOUZA

A defesa não comentou.


COM A PALAVRA, A DEFESA DE ADIR ASSAD

O advogado Pedro Bueno afirmou que Adir Assad ‘está à disposição das autoridades para esclarecer todos os fatos que o envolveram, os quais ele tem buscado esclarecer da maneira mais fidedigna e verdadeira possível’.


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