Conversas teriam sido gravadas durante operação policial ocorrida ainda em 2013
A convenção do MDB em Porto Velho, realizada no último sábado foi um festival de baixarias, com direito a bofetão na cara e quebra-quebra. Mas o bastidor foi ainda pior. O senador Valdir Raupp, candidato à reeleição e o deputado estadual Maurão de Carvalho, que foi alçado à condição de candidato ao governo pela legenda, estavam decididos, assim como toda a executiva do partido, a não dar a segunda vaga de senador ao ex-governador Confúcio Moura, que deixou o cargo em abril deste ano.
O assunto vinha sendo amplamente divulgado pela mídia e dois dias antes da convenção, na quinta-feira, Confúcio disse a um interlocutor que “seria candidato ao Senado de qualquer jeito” e que “ficaria em silêncio pelos próximos dias caso isso não ocorresse, mas que em seguida, explodiria o partido”. Essa mesma fala ele repetiu a pelo menos quatro pessoas diferentes.
Na sexta-feira, véspera da convenção, passou a circular boatos de supostas conversas que haviam sido gravadas pela Polícia Civil em 2013, durante a famigerada Operação Apocalipse, uma série de trapalhadas protagonizada pela polícia, à mando do então secretário de Defesa Marcelo Bessa que meses depois seria demitido por Whatsapp pelo próprio Confúcio.
Porém, a trapalhada rendeu milhares de horas de conversas, supostamente “autorizadas” pela justiça. Só que muitos desses diálogos sequer chegaram às mãos dos juízes responsáveis pelas autorizações. Usando o subterfúgio chamado de “barriga de aluguel”, números de telefones de terceiros, que nada tinham à ver com a operação, eram inseridos nas escutas autorizadas. Entre esses grampos estariam os telefones de Maurão de Carvalho, Valdir Raupp, Tomás Correia (suplente de Raupp e presidente do MDB) e outros.
na “grampolândia” de Confúcio Moura e sua turma nunca foi concluída, mas centenas de horas de gravações clandestinas foram armazenadas pelo setor de inteligência do governo. A afirmação de Confúcio de que “seria candidato de qualquer jeito”, respalda a informação sobre os grampos.
Convenção tumultuada
Meia dúzia de baderneiros que integravam o primeiro escalão do governo, com “manifestantes de aluguel”, recolhidos na periferia de Ariquemes, trazidos de ônibus, com comida e uma “ajuda de custo” de R$ 50 foram usados para tumultuar o evento, que aconteceu na sede do MDB. Teve quebra-quebra, xingamentos, vaias, intimidação por força física, enfim, baixaria de todos os níveis. O ex-chefe da Casa Civil de Confúcio, Emerson Castro, filho de família conhecida na capital, se prestou ao papelão de tecer provocações contra Tomás Correia, um senhor de 68 anos de idade, até que Tomás deu uma sonora bofetada na cara de Castro, “apanhou pouco” gritou um correligionário no meio do tumulto.
Em meio a tudo isso, Confúcio se fechou em uma sala com Valdir Raupp, Maurão de Carvalho, Lúcio Mosquini (deputado federal, preso por supostos desvios nos recursos das obras do Espaço Alternativo quando era secretário de Confúcio) e eles saíram de lá com sorrisos amarelos anunciando a “chapa da união”. Nem Raupp nem Maurão falaram sobre o assunto, se limitando a declarações ensaiadas.
Em um país sério, Confúcio seria levado sob vara (de novo) para prestar esclarecimentos sobre essa repentina mudança da executiva do MDB, e sua turma de baderneiros estariam ainda nas grades, sendo soltos só nesta segunda-feira.