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GRAVE: PF diz que ex-ministro do Trabalho era “fantoche dos caciques do PTB”

Documento também aponta “efetiva participação” da deputada federal Cristiane Brasil no núcleo político das fraudes




Relatório da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Registro Espúrio afirma que o ex-ministro do Trabalho Helton Yomura “não passa de um fantoche dos caciques do PTB”. O documento ainda aponta “efetiva participação” de Cristiane Brasil (PTB-RJ) no núcleo político de uma organização criminosa investigada pela concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho e atribui a deputada o papel de “líder”. A congressista chegou a ser cotada para o cargo de titular da pasta no início do ano. No entanto, decisões da Justiça Federal e uma liminar da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, suspenderam a posse. O governo acabou desistindo de indicar a parlamentar para o órgão.


De acordo com diligências da PF, Cristiane Brasil, “mesmo não ocupando formalmente qualquer cargo na estrutura do Ministério do Trabalho, foi alçada, na prática, a um posto de comando da pasta, fortalecendo a estrutura de atuação do ‘subnúcleo PTB'”. “Em que pese ter sido impedida por decisão judicial de tomar posse como ministra do Trabalho no início do corrente ano, Cristiane Brasil passou a exercer grande influência no órgão”, diz trecho do documento da Polícia Federal.


“Para permitir a ingerência de Cristiane Brasil, a organização criminosa colocou no cargo máximo do Ministério do Trabalho alguém devidamente compromissado com os interesses do grupo, papel que coube a Helton Yomura, que, ao que tudo indica, não passa de um fantoche dos caciques do PTB”, revela a PF.


A Registro Espúrio deflagrou três etapas de sua operação: em 30 de maio, 12 de junho e 5 de julho. Na última fase, o Supremo Tribunal Federal afastou Helton Yomura do Ministério do Trabalho. No mesmo dia, o ministro pediu demissão do cargo.


Cristiane Brasil O gabinete, o apartamento funcional e outros endereços da filha de Roberto Jefferson – presidente nacional do PTB – foram alvo de busca e apreensão da segunda fase da operação. “As análises iniciais dos dados colhidos viabilizaram a coleta de elementos que indicam a efetiva participação da deputada Cristiane Brasil Francisco no núcleo político da organização criminosa, tendo essa Suprema Corte autorizado a realização de buscas em três endereços vinculados a ela”, afirma a PF.



Os investigadores dividiram o suposto esquema em cinco núcleos: administrativo, político, financeiro, sindical, captador e financeiro. O núcleo político, afirma a PF, é “formado por parlamentares e dirigentes de partidos – e respectivos assessores diretos –, e tem a responsabilidade de “indicar e dar sustentação aos integrantes do núcleo administrativo”.


“A organização criminosa é alimentada pelo interesse de entidades na obtenção fraudulenta do registro sindical, mediante o pagamento de propina a servidores públicos, oferta de capital político (apoio, financiamento e votos) aos partidos/agentes políticos ou promessa de filiação às centrais sindicais”, descreve a Federal.

De acordo com o relatório, Cristiane Brasil era ligada ao superintendente Regional do Trabalho do Rio, Adriano José Lima Bernardo. A PF pegou, no celular do ex-secretário de Relações do Trabalho Renato Araújo, mensagens que citavam a deputada, trocadas entre o ex-secretário e o superintendente.


“Indícios amealhados comprovam que Adriano Bernardo se utiliza do cargo de Superintendente Regional do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro, bem como da proximidade com a deputada federal Cristiane Brasil, para repassar ‘demandas’ a integrantes do ‘Subnúcleo SRT’ (Secretaria de Relações do Trabalho), manipulando processos de registro sindical, com o objetivo de obter vantagens indevidas”, relata a Polícia Federal.


Em uma das mensagens capturadas pela PF, Adriano Bernardo refere-se à publicação de um pedido de registro sindical e garante estar “providenciando uma reunião – possivelmente com os dirigentes da entidade beneficiada –, na qual ele levaria a ‘líder'”. Para os investigadores, a “líder” é a deputada Cristiane Brasil.

“Mermão, já tô ligando pra ele e marcando uma nova reunião, pra gente levar lá na nossa líder, tá bom?! Outra coisa, amigo, não esqueça de duas coisas: sei que é complicado diante de tanta demanda, mas é uma prioridade não minha, também dela: sindicato dos mototaxistas. Cara, vou… a gente vai ganhar na loteria com esse povo aí, em relação à quantidade de pessoas envolvidas”, diz Adriano Bernardo em mensagem para Renato Araújo Júnior.


Para a PF, ficou “evidente a ingerência que Adriano Bernardo exerce os rumos dos processos de registro sindical que tramitam na Secretaria de Relações de Trabalho, sempre buscando favorecer entidades ligadas a ele e à deputada Cristiane Brasil”.


Outro lado A reportagem fez contato com a assessoria de Cristiane Brasil e a defesa de Helton Yomura. Adriano Bernardo e Renato Araújo Júnior não foram localizados. O espaço está aberto para as manifestações.

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