Levantamento com base em dados do IBGE mostra que país voltou, nos últimos dois anos, aos números de 2005 em relação à pobreza extrema
No ritmo atual, o Brasil não conseguirá cumprir nenhum dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) com os quais se comprometeu diante das Organizações das Nações Unidas (ONU). O país experimentou retrocessos em cada uma das áreas observadas pelo Relatório Luz 2018, documento organizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030.
O coletivo é formado por mais de 40 entidades do terceiro setor, entre elas, a ActionAid, a Transparência Internacional e a Gestos e Aldeias Infantis. Elas avaliaram todos os ODS, com base em dados oficiais e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessa quarta-feira (11/7) as conclusões do documento foram apresentadas em tom de preocupação.
“O relatório analisa 121 (das 169) metas dos ODS e aponta que o caminho trilhado nos últimos três anos pelo Brasil é incoerente com a Agenda 2030”, aponta o documento.
Os ODS são metas da Agenda 2030, documento assinado por 192 países. Incluem dados sobre educação, saúde, igualdade de gênero, meio ambiente e economia.
O levantamento ressalta que orçamentos de políticas e programas importantes para a sociedade e para o meio ambiente estão menores ou zerados, enquanto cresce o endividamento público, a pobreza e a fome.
“Os abismos sociais entre ricos e pobres aprofundam-se, consolida-se a exclusão histórica baseada em raças, etnias, identidade de gênero e orientação sexual; continuam os ataques às Unidades de Conservação e à legislação ambiental”, diz o texto.
A flexibilização das leis trabalhistas e a aprovação da Emenda Constitucional nº 95/2016 (que congelou gastos públicos nos próximos 20 anos) são, ainda segundo o estudo, “símbolos irrefutáveis do descompromisso do governo atual” no cumprimento das metas.
Veja alguns dos principais trechos abordados pelo relatório, que pode ser lido na íntegra aqui:
Erradicação da pobreza A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE, comprova o acelerado crescimento da pobreza e da extrema pobreza nos dois últimos anos. Os dados mostram que, em relação à extrema pobreza, o país volta aos números de 2005 e, em relação à pobreza, aos de 2009. Ou seja, houve uma perda que se deu em tempo bem mais rápido do que o tempo levado para avançar.