Inquérito foi enviado à Minas depois do desmembramento de ações com acusados detentores de foro privilegiado
O Ministério Público de Minas Gerais abriu investigação para apurar se houve irregularidades na utilização de recursos públicos em duas negociações no setor imobiliário em Belo Horizonte que envolve o Grupo Bel, da área de comunicação.
O senador Aécio Neves (PSDB) e sua irmã, Andrea Neves, são investigados no inquérito, que foi aberto inicialmente em 2016 pela Procuradoria-Geral da República. O inquérito foi enviado a Minas depois do desmembramento de ações com acusados detentores de foro privilegiado. As investigações estão a cargo do promotor Eduardo Nepomuceno. Um dos responsáveis pelo Grupo Bel, Flávio Carneiro, também é investigado no inquérito.
A primeira negociação ocorreu em 2013, com a desapropriação, pelo governo de Minas Gerais, de um terreno na Zona Sul da capital em que funcionava uma antena da rádio Del Rey, do Grupo Bel. À época, o governador do Estado era o atual senador Antonio Anastasia (PSDB).
A segunda negociação ocorre dois anos depois, com o Grupo Bel vendendo um prédio que uma das empresas do conglomerado, a Ediminas, à época proprietária do jornal Hoje em Dia, tinha na cidade. A compra foi feita pela J&F, segundo Joesley Batista afirmou em delação feita à PGR em 2017.
À procuradoria, Joesley disse ainda que Aécio pediu que o prédio fosse comprado porque tinha dívidas de campanha. O empresário afirmou também que o valor foi superfaturado. O valor do negócio foi de R$ 17 milhões.
Defesas
Em nota, a assessoria do senador Anastasia disse que o processo de desapropriação do terreno em que funcionava a antena do Grupo foi feita, "ao que parece", de maneira regular. " "Se houver, no entanto, qualquer dúvida, o senador Anastasia defende a investigação", diz a nota.
Também em nota enviada pela assessoria, Aécio afirma que o que há "denúncias infundadas de adversários políticos em Minas", e que "não tem qualquer relação com o Grupo Bel". A reportagem entrou em contato com o Grupo Bel e pediu retorno por parte do empresário Flávio Carneiro, o que não ocorreu até a publicação deste texto.