A investigação tem como alvo a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos (SP). A companhia é suspeita de ser beneficiada por decreto
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso a inclusão da colaboração premiada do corretor Lúcio Funaro no inquérito que mira o presidente da República, Michel Temer (MDB), e investiga suspeitas de irregularidades em torno do Decreto dos Portos. Caso a delação premiada de Funaro seja incluída na investigação, poderá ser utilizada para fundamentar uma eventual denúncia contra o emedebista.
O inquérito, cujo relator é Barroso, apura se a Rodrimar, empresa responsável por operar no Porto de Santos (SP), foi beneficiada pelo decreto assinado por Temer em maio do ano passado. A ação ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos.
Além do presidente, são investigados Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Michel Temer e ex-deputado federal, Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar. Todos negam irregularidades.
Delação O corretor Lúcio Funaro afirmou em seu acordo de colaboração premiada que o presidente Michel Temer tem negócios com a empresa Rodrimar e por isso influenciou diretamente a aprovação da MP 595/13, conhecida como Medida Provisória dos Portos, para defender interesses de grupos ligados a ele. A norma foi aprovada em maio de 2013 durante o governo Dilma Rousseff (PT).
“Após a aprovação da MP, acredito que tenham recebido uma comissão pela aprovação do documento as seguintes pessoas dentre outras: Temer, Cunha, Henrique Alves (presidente da Câmara dos Deputados na época), o ministro dos Transportes, tendo conhecimento de repasses por Gonçalo Torrealba, proprietário do Grupo Libra”, diz o anexo da delação sobre o tema.
Mais testemunhas Ao pedir a prorrogação por 60 dias das investigações no âmbito de um inquérito que tem como alvo o presidente da República, Michel Temer (MDB), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, concordou com o pedido da Polícia Federal (PF) de ouvir mais seis testemunhas, entre elas o empresário Marcelo Odebrecht.
Além de emedebista, o inquérito investiga os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco, ambos também do MDB.
A investigação foi aberta para apurar relatos de delatores da empreiteira sobre suposto pagamento de R$ 10 milhões em doações ilícitas para campanhas do partido em troca de favorecimento da empresa. O acordo, segundo a delação, foi firmado durante reunião no Palácio do Jaburu, em 2014, quando Temer era vice-presidente.