Pistoleiro contratado para matar advogado procurou vítima e revelou ‘armadilha’. Denúncia foi revelada no Fantástico.
A Polícia Civil de Rondônia montou uma força tarefa para identificar empresários e fazendeiros do estado que montaram um “consórcio do crime”. Segundo investigação, o grupo tomava decisões sobre divisão de custos e negócios para assassinar moradores da região.
Um dos alvos do grupo era o advogado Marcos Vilela, de Porto Velho, conforme revelou uma reportagem do Fantástico na noite deste domingo (3). Em um dia de trabalho normal no escritório, dois homens entraram no escritório dele e afirmaram que tinham um recado.
“Não lembrava dessa pessoa. E ele foi conversando comigo dizendo que dois anos atrás eu teria feito uma revogação de prisão dele. Que ele estava aqui pra me pagar, inclusive. Eu falei ‘mas, como’? Primeiro cara que some, com dois anos vem pagar? Brinquei com ele. Ele disse não, quero te pagar de outra forma. Eu falei como, não to entendendo”, conta.
Para explicar o pagamento, o suspeito apresentou uma gravação. “O valor que tá sendo oferecido é 70 conto. Eu já te dei 15 mil, te devo 55 mil pelo serviço. Como é que eu faço pra te passar esse dinheiro pra você? Transfere numa conta”.
Segundo revelou a reportagem do Fantástico, a gravação parecia uma negociação normal entre um prestador de serviço qualquer, mas o homem que estava no escritório tinha sido contratado para matar o advogado Marcos Vilela.
Dias depois, o pistoleiro voltou a procurar o advogado para avisar da armadilha. Na ocasião, o suspeito disse que tinha sido contratado para matá-lo.
“Ele disse pra mim: ‘eu não vou fazer, mas outro vai vir e vai fazer se o senhor não tomar providência’. A proposta seria eu pagar 40 mil reais. Falou: ‘vamos inverter a pilha, eu vou mais meu colega, mato ele e pronto”, contou Marcos ao repórter Maurício Ferraz.
Diante dos áudios, a polícia de Rondônia apura se um grupo de empresários de Rondônia está se reunindo secretamente para planejar assassinatos.
A suspeita é de que essas reuniões são para escolher a próxima pessoa a ser executada e para dividir os custos do pistoleiro, uma espécie de “consórcio do crime”.
O pistoleiro Uadra Castelhane foi quem contou sobre essa associação em uma gravação. “Eu trabalho com uma equipe de fazedeiros e empresários da região toda. As reunião sao feita numa fazenda. A autorização dos fazendeiros é limpar esse povo da região. É uma empresa do crime. Eles tão agindo como uma máfia”, disse o pistoleiro na gravação.
Marcos Vilela, o advogado, avisou ao pistoleiro que não aceitaria a proposta e ameaçou chamar a polícia. Uadra fugiu, mas teve a prisão decretada e segue sendo procurado.
A audácia do grupo é tamanha que o delegado do caso, Eduardo Ferreira, se diz surpreso. “É um negócio absurdo para uma comunidade pequena. Tá além do limite do suportável”, diz.