Apontado pelo Ministério Público como operador de propinas do PSDB, Paulo Preto havia sido preso em abril; por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ele foi solto na última semana
Paulo Vieira de Souza, ex-presidente da Dersa, empresa de capital misto do estado de São Paulo responsável por obras rodoviárias, desistiu de fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público após ser solto na quinta-feira (11). A informação é do jornal Folha de S.Paulo .
Paulo Preto , como é conhecido, é apontado por investigadores da força-tarefa da Lava Jato como operador de propinas do PSDB . Ele foi solto na semana passada por consequência de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que concedeu-lhe habeas corpus.
Antes de sua soltura, membros da alta cúpula do PSDB temiam que ele firmasse um acordo de colaboração com o Ministério Público. Nos bastidores, comentava-se que uma possível delação de Paulo Preto poderia atingir José Serra, governador de São Paulo que o indicou à presidência da Dersa, e o ex-governador e pré-candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin.
Paulo Preto é suspeito por comandar um desvio de R$ 7,7 milhões, destinados ao reassentamento de desalojados por obras do trecho Sul do Rodoanel, na Região Metropolitana de São Paulo, durante o governo do tucano José Serra, entre os anos de 2009 e 2011.
Ainda, de acordo com as autoridades suíças, Paulo Preto abriu quatro contas no banco Bordier & Cie, em Genebra, logo após ser nomeado para a empresa estatal, em 2007, durante o governo de José Serra ( PSDB ).
As contas, registradas em nome de empresas offshores com sede no Panamá cujo um dos beneficiários era o ex-diretor da Dersa , receberam "numerosas entradas de fundos" no período até 2009. Ele teria R$ 120 milhões guardados na conta, dinheiro supostamente utilizado para irrigar campanhas eleitorais dos tucanos.
Novo pedido de prisão
Paulo Preto tinha uma audiência marcada na Justiça de São Paulo marcada para o dia 14 de maio, poucos dias após sua soltura. O engenheiro, contudo, não compareceu, o que motivou a procuradora Adriana Scordamaglia a requisitar novo pedido de prisão.
Scordamaglia, responsável pelo processo contra Paulo, justificou o pedido de prisão: “deixar passar em branco tal desídia significa desacreditar eu a Justiça de primeiro grau tem extremado valor para todo o sistema jurídico brasileiro”, argumentou.
A defesa de Paulo Preto , por sua vez, afirmou que seu cliente não desobedeceu ao compromisso firmado, uma vez que o STF determinou que a juíza Maria Isabel do Prado não desse início aos trabalhos antes de responder aos argumentos que pedem a absolvição do réu.