61,2 milhões vivem o pesadelo da inadimplência por causa do desemprego e dos juros altos
A combinação explosiva de juros altos e desemprego crescente endividaram o brasileiro em nível recorde. Dados divulgados ontem pela Serasa Experian mostram que 61,2 milhões de pessoas estão inadimplentes no país, o que corresponde a 36% da população economicamente ativa do país, de 169,1 milhões.
De acordo com a pesquisa da Serasa o montante alcançado pelas dívidas atrasadas foi de R$ 271,7 bilhões, com média de quatro dívidas por CPF, totalizando R$ 4.438 por pessoa. O recorde anterior foi registrado em novembro de 2017, quando o índice bateu 61,1 milhões. Segundo os economistas da Serasa Experian, a volta do crescimento do desemprego no primeiro trimestre do ano prejudicou quem pretendia pagar as contas em dia, já que a falta de emprego é uma das principais causas da inadimplência no país.
Ainda de acordo com os economistas, a concentração de compromissos financeiros típicos dos primeiros meses do ano (IPVA, IPTU, material escolar etc.,) também contribuiu para a elevação da inadimplência do consumidor nos últimos três meses.
Na comparação com abril de 2017 (60,1 milhões), o índice teve alta de 1,9%. Na relação com o mês anterior (março: 61,0 milhões) também foi verificado crescimento de 0,4%.
Sudeste tem mais endividados
A região com maior percentual de pessoas com dívidas atrasadas é a Sudeste, com participação de 45,1%. Na sequência estão: Nordeste, com 25,2%, Sul, 12,7%, Norte, 8,9% e Centro-Oeste, 8,1%.
Cartões na liderança
Por segmento, as dívidas atrasadas com bancos e cartões de crédito em abril de 2018 lideraram, com representatividade de 28,6%. As Utilities (água, luz e gás) aparecem em segundo lugar, com 19,2%. Na sequência: Varejo, com 12,6%; Telefonia, com 11,5%; Serviços, com 10,9%; Financeira/ Leasing, com 10% e Outros, com 7,3%.
A maior concentração dos negativados está no gênero masculino, que representa 50,8% dos inadimplentes. A maioria das pessoas com débitos vencidos tem entre 41 e 50 anos (19,7% do total). Em segundo lugar no ranking de participação entre os inadimplentes estão os jovens de 18 a 25 anos, que respondem por 14,2% do total.
Desemprego
De acordo com o IBGE, a país registrou no primeiro trimestre do ano 13,7 milhões de desempregados, um aumento de 11,2% em relação ao trimestre anterior (12,3 milhões).
Assim, o nível da ocupação (53,6%) caiu 0,9 ponto percentual frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2017 (54,5%).
Juros
Outro vilão do endividamento é o custo dos juros cobrados pelos bancos para o crédito pessoal e o financiamento de dívidas. Mesmo com a taxa Selic em queda livre - e com um novo corte a ser anunciado nesta quarta, para 6,25% ao ano, - em várias linhas de crédito, as taxas médias ficaram estáveis ou até subiram em menos de 12 meses, segundo informações divulgadas pelo Banco Central. A taxa média do rotativo do cartão de crédito em março chegou a 243,5% ao ano. Já o cheque especial cobra juros médios de 324,7% O crédito pessoal não consignado está no mesmo nível de junho de 2017: 125% ao ano.