O presidente Michel Temer desistiu da viagem que faria no início de maio a quatro países asiáticos, e permanecerá no Brasil enquanto é alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de recebimento de propina no chamado inquérito dos portos.
Temer visitaria Cingapura, Tailândia, Indonésia e Vietnã de 7 a 14 de maio.
De acordo com o Palácio do Planalto, o presidente decidiu cancelar a viagem à Ásia para acompanhar a votação de proposta no Congresso que remanejará recursos do Orçamento da União para cobrir a inadimplência da Venezuela e de Moçambique em operações nas quais o Brasil é o garantidor de crédito.
Se Temer deixasse o país, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), teriam de se licenciar do cargo ou também sair do país devido a regras eleitorais, o que prejudicaria a tramitação da proposta orçamentária.
A decisão de cancelar a viagem foi tomada após a Polícia Federal ter solicitado ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por 60 dias do inquérito dos portos, que investiga se Temer cometeu crimes na edição de um decreto ano passado que mudou regras portuárias.
Temer é investigado nesse inquérito sob suspeita de ter recebido propina, por meio do então assessor especial, Rodrigo Rocha Loures, para editar um decreto que beneficiou a empresa Rodrimar em alterações legais para a área portuária.
Na semana passada, Temer afirmou, em um firme pronunciamento, ser alvo de uma "perseguição criminosa disfarçada de investigação", e disse que, se pensam "ilusoriamente" que irão derrubá-lo, não vão conseguir.