Conversas sobre o risco de falta de combustível entre os pilotos começaram mais de duas horas antes do acidente, mas nada foi feito
Conversas na cabine de comando da aeronave da Lamia, que levava a delegação da Chapecoense, revelam que os pilotos cogitaram fazer uma escala para reabastecimento. Segundo relatório final sobre o acidente, divulgado na sexta-feira (27) pela Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil), o avião caiu por falta de combustível.
O áudio das conversas mostra que o comandante e o copiloto falaram sobre pousar em Letícia, cidade colombiana na fronteira com o Brasil, e em Bogotá, ambas ficam antes de Medellín. De acordo com o G1, as alternativas foram citadas mais de duas horas antes do acidente.
8h59m07s - Copiloto: "Com quanto tempo extra chegaremos lá com o combustível?"
18h59m10s - Comandante: "Com 20 minutos mais. Não, uns 45 minutos mais (...) o bom é que o aeroporto alternativo está antes [de Medellín]."
Os profissionais analisam que não chegariam a tempo por conta do peso da aeronave e do vento contrário.
19h37m52s - Comandante: "Está f* a coisa."
19h38m24s - Copiloto: "Para Bogotá estamos a mil quilos [restantes de combustível]."
19h38m27s - Comandante: "Com isso não vamos [conseguir chegar]. E antes de Bogotá, o que há?"
19h39m06s - Copiloto: "Letícia [cidade na fronteira com o Brasil]."
Então, passam a considerar abastecer na capital colombiana.
19h46m56s - Comandante: "Vamos ver se chegando a Bogotá vamos definir se pedimos uma espera [um ponto de espera antes do aeroporto] ou se pousamos."
Em conversa com o controle de tráfego aéreo, a tripulação obtém rota direta para Medellín e decide prosseguir.
As discussões sobre o risco de falta de combustível entre os pilotos começaram mais de duas horas antes do acidente, como mostra a investigação. Alertas sonoros e no painel da aeronave apontaram o risco 40 minutos antes do acidente. No entanto, a tripulação só informou a falta de combustível ao controle de tráfego aéreo dez minutos antes de a aeronave cair.
O avião da Lamia levava a delegação da Chapecoense, no dia 28 de novembro de 2016, quando caiu, deixando 71 mortos. Segundo a investigação, o combustível do avião era insuficiente para o voo entre Santa Cruz, na Bolívia, e Medellín, na Colômbia.
O acidente ocorreu por esgotamento de combustível, em consequência da falta de gestão de risco pela companhia aérea. Sem combustível, os motores pararam de funcionar e o avião planou até bater.