Contribuições de empresas foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015
O medo de ter o nome associado a um escândalo de corrupção e o atual cenário de crise econômica devem fazer com que executivos e funcionários de grandes empresas evitem apoiar financeiramente um candidato. “Tenho conversado com acionistas e executivos de grandes companhias. Não há muita disposição para participar desse processo”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.
Segundo ele, escândalos como a Operação Lava Jato farão muita gente deixar de contribuir. “O problema todo é que as pessoas físicas não querem participar de um financiamento de campanha, no qual não se sabe direito de onde vêm todos os recursos.”
A doação de empresas foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. As novas regras começaram a valer nas eleições municipais de 2016, mas esta será a primeira disputa presidencial com a restrição.
De acordo com a advogada Sylvia Urquiza, especializada na área criminal e de compliance, a preocupação com as contribuições eleitorais de funcionários não é algo recente entre as multinacionais. Na maioria dos casos, regras de conduta interna costumam regular esse tipo de assunto.
Com as investigações da Lava Jato e o receio de ter seu nome associado a um candidato de conduta duvidosa, as companhias nacionais passaram a aprimorar seus sistemas de controle. “Entre as grandes empresas, porém, o número das que já se adequaram está aquém do que seria esperado”, diz a especialista.
“As empresas estão aprendendo com a dor”, completa Rodrigo Brandão Fontoura, diretor da Associação Brasileira de Integridade, Ética e Compliance, sobre o temor com um eventual contágio da Lava Jato.