Levantamento revela que, de janeiro a março, foram registrados mais de 75 mil casos de vazamento de dados de cartões de crédito
Os brasileiros fizeram R$ 1,36 trilhão em compras com cartões no ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Quando são levadas em conta apenas as compras não presenciais feitas com cartões de crédito, com destaque para o comércio virtual, o montante chegou a R$ 167,6 bilhões, uma alta de 16,5% em relação a 2016. Esse tipo de transação respondeu por 20% de todo o volume das transações por meio de cartões de crédito. Entretanto, à medida que o uso de cartão no ambiente virtual cresce, as tentativas de fraude seguem o mesmo ritmo.
Um levantamento feito pela empresa UPX Technologies, especialista em segurança digital, mostrou que até março deste ano foram registrado 77.300 casos de vazamento de dados de cartão de crédito das principais instituições financeiras do país. Segundo dados do Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraude, em janeiro, foram registradas 161.097 tentativas de golpe no Brasil, alta de 7,1% em relação a dezembro. Isso significa uma a cada 16,6 segundos. As principais foram a emissão de cartões de crédito, compra de eletrônicos e abertura de contas. Todos os procedimentos valendo-se de dados vazados de terceiros.
A empresa fez um rastreamento na internet por meio de palavras-chave e encontrou dados bancários de clientes tanto em sites fraudulentos como na chamada "deep web", a camada obscura da internet.
Vítima da fraude cibernética, o supervisor de estacionamento Arthur Costa, de 27 anos, foi surpreendido quando a fatura do cartão chegou:
— Sempre fiz compras pela internet e nunca tive problemas. Mas, cerca de cinco anos atrás, recebi uma cobrança de R$ 500 referente a um resort onde nunca fui. Liguei para a operadora do cartão, mas tive muita dor de cabeça.
Costa foi orientado a excluir da fatura o valor que ele considerava indevido. Mas, após três meses, a instituição passou a cobrá-lo novamente. A situação só foi terminar em meados de 2017, quando ele acabou pagando a dívida para ter o nome retirado do serviço de proteção ao crédito.
Fátima Lemos, assessora técnica do Procon-SP, informa que, para tentar minimizar os riscos de fraude, o consumidor deve estar atento nos sites que visita.
— O consumidor é constantemente atraído por ofertas tentadoras, mas elas podem apresentar um risco. É preciso investigar bastante o site antes de fazer um cadastro e colocar os dados do cartão — finalizou Fátima.
FIQUE DE OLHO
Vírus
Ao fazer uma compra online, confira se o antivírus do computador está funcionando e atualizado.
Compras em sites
Certifique-se de que o site é seguro. Procure certificações de associações de direito do consumidor e proteção online, normalmente, no fim da página. Observe se na barra de digitação o site começa com "https".
Tenha atenção com mensagens ou e-mails de origem desconhecida. Ao clicar em um link recebido por algum meio eletrônico, você pode ser direcionado a um site malicioso.
Atenção
Desconfie de sites que oferecem preços abaixo do mercado. Algumas páginas oferecem ofertas muito atrativas para roubar dados dos consumidores.
Como reclamar?
O Procon RJ recomenda que, caso seja identificada cobrança suspeita na fatura, o consumidor deve, além de reclamar na administradora do cartão, fazer ocorrência na delegacia, uma vez que se trata de fraude. E, caso a empresa não resolva o problema, a alternativa é procurar os órgãos de proteção e defesa do consumidor e abrir reclamação. Sobre o pagamento da fatura, o consumidor pode pagar o valor integral e reclamar em seguida, ou reclamar primeiro e pagar só as cobranças que ele reconhece. Nos dois casos, alerta o Procon RJ, é importante guardar o número de protocolo da reclamação. Se o pagamento total for feito, o consumidor terá direito a receber de volta os valores pagos que não tenham sido gastos por ele. Essa devolução, normalmente, é em forma de crédito nas faturas seguintes.