O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, acusou em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de tomar decisões judiciais "contaminado" por suas preferências políticas.
Marun voltou a dizer que se licenciará do ministério para entrar com um pedido de impeachment contra Barroso por conta da decisão do magistrado de autorizar a quebra de sigilo bancário do presidente Michel Temer.
"O ministro Barroso tem sido, no meu modo de ver, contaminado por suas preferências políticas no momento de tomar suas decisões. E isso é incompatível com o exercício da função de ministro do STF", disse Marun à emissora, acrescentando que Temer sente-se "ultrajado" pelo que ele e seus auxiliares consideram um "atentado" ao Estado Democrático de Direito.
Temer publicou nesta terça um artigo no jornal O Estado de S. Paulo em que afirma que resistirá em nome de sua honra e em nome do Estado Democrático de Direito.
Marun afirmou que não entrará com o pedido de impeachment de Barroso nesta semana para não "misturar" este caso com a análise pelo plenário do STF do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não entrei nesta semana para não confundir com esse movimento que tem amanhã, na quarta-feira, para não misturar uma coisa com a outra. Vou esperar a semana que vem, a próxima sessão do Congresso, vou entrar com esse pedido", disse.
Indagado sobre críticas que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria feito à reação do Palácio do Planalto contra a decisão de Barroso de determinar a prisão de pessoas próximas a Temer na semana passada, Marun disse entender que a Câmara já deveria ter tomado medidas mais duras contra o que chamou de "aviltamento de suas prerrogativas".
"Eu me dou bem com o Rodrigo, mas somos pessoas diferentes, temos estilos diferentes. Eu, sinceramente, penso que a Câmara dos Deputados já devia ter tomado posições políticas mais fortes em relação ao constante aviltamento das suas prerrogativas", disse o ministro.
Marun afirmou ainda que o Palácio do Planalto está "conscientes da necessidade" de uma candidatura governista na eleição presidencial de outubro e disse que Temer está à disposição para ser este candidato.
"Obviamente, por que que isso acontece? Porque não se viram ainda candidaturas dispostas a defender o governo, não só em termo de legado --porque nós temos um legado--, como em termos de futuro", disse Marun, que apontou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também pode ser este nome governista na eleição.
Meirelles se filia nesta terça ao MDB, partido de Temer e de Marun, com vistas a entrar na disputa eleitoral, seja como candidato ao Planalto, seja como vice em uma chapa encabeçada por Temer.
"Em outra candidatura se estabelecendo --e pode ser a do Meirelles-- com esse viés, com essa determinação e conquistado pontos de preferência popular, pode até o presidente abrir mão", disse Marun.
"Intimamente o presidente não tem o desejo de continuar presidente da República. Eu convivo com ele e tenho certeza disso. Mas nós não vamos simplesmente assistir às próximas eleições. Nós vamos participar dela", garantiu.