Ministério da Saúde adota novo medicamento para tratar a doença; sábado (24) é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose
Cerca de 70 mil pessoas são infectadas pelo bacilo de Koch e desenvolvem a tuberculose todos os anos no Brasil. A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa que matou 4.426 brasileiros em 2016, de acordo com o boletim mais recente do Ministério da Saúde.
Segundo a OMS, a tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo. O Brasil está entre os que registram o maior número de casos da doença. Na região das Américas, fica em primeiro lugar: 33% das pessoas com tuberculose vivem no Brasil. Em segundo lugar, está o Peru com 14% e, em terceiro, o México, com 9%.
Embora seja uma doença com diagnóstico e tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a tuberculose é um problema de saúde pública que obrigou o governo a desenvolver um plano de metas para diminuir a incidência da doença – desde 2003 a tuberculose é prioridade na agenda política do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde divulgou nesta sexta-feira (23) que adotou um novo medicamento para tratar a tuberculose, o Isoniazida de 300 mg. A nova fórmula permitirá ao paciente substituir a ingestão de três comprimidos para um. A medida visa garantir a adesão do paciente ao tratamento, reduzindo a taxa de abandono.
O medicamento estará disponível a partir de maio na rede pública. Para a implantação da Isoniazida 300mg, o Ministério da Saúde vai financiar uma pesquisa, desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo, com apoio de pesquisadores de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal.
A distribuição do medicamento começará pelos estados participantes da pesquisa: Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal.
Para identificar a doença, a rede pública oferece desde 2014 o Teste Rápido para
Tuberculose (RTR-TB), que utiliza a técnica de biologia molecular PCR em tempo real. O teste detecta a presença do bacilo em duas horas e identifica se há resistência ao antibiótico rifampicina, um dos principais medicamentos usados no tratamento.
No ano passado, foram registrados 69,5 mil casos novos e 13 mil casos de retratamento (abandono ao tratamento) de tuberculose no Brasil. Os estados com maior proporção de retratamentos foram Rio Grande do Sul (23,3%), Rondônia (19,9%) e Paraíba (19,5%).
Nesse mesmo ano, o percentual de cura de casos novos foi 73%, maior do que se comparado ao ano de 2015 (71.9%), de acordo com dados do Ministério da Saúde. Acre (84,2%), São Paulo (81,6%) e Amapá (81,7%) alcançaram os maiores percentuais de cura no mesmo ano.
Vacina contra a tuberculose
A vacina que protege contra a tuberculose é a BCG, composta pelo bacilo de Calmette-Guérin obtido pelo enfraquecimento de uma das bactérias que causam a doença.
É esta vacina a responsável pela cicatriz de cerca de um centímetro de diâmetro que muitas pessoas têm no braço direito. A marca é uma resposta do corpo à vacina e começa com uma mancha vermelha elevada no local da aplicação, evolui para pequena úlcera, que produz secreção até que vai cicatrizando.
A BCG é oferecida gratuitamente em unidades de saúde em crianças até cinco anos.
De acordo com Sociedade Brasileira de imunizações (SBIm), a vacina BCG não oferece eficácia de 100% na prevenção da tuberculose pulmonar, mas sua aplicação em massa permite a prevenção das formas graves da doença.
Transmissão e sintomas
A tosse forte que insiste por mais de duas semanas é o sintoma mais característico da tuberculose pulmonar. Com o passar das semanas, o que começa como uma tosse seca pode evoluir para tosse com muito catarro e sangue.
Além disso, é comum o paciente apresentar febre baixa, principalmente à noite. Perda de peso lenta e progressiva, dor no peito, falta de apetite, suor noturno e cansaço.
O pneumologista Pedro Genta, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a tuberculose é uma doença de transmissão fácil. Uma pessoa pode se infectar, simplesmente, por dividir o mesmo ambiente com uma pessoa doente.
“Isso vai depender do tamanho do ambiente, da quantidade de bacilos que o doente expele quando tosse e do sistema imunológico da outra pessoa, que se não estiver fortalecido, pode aumentar o risco de contaminação”, explica.
Isso é possível porque a tuberculose é uma doença de transmissão aérea. Ao tossir, espirrar ou falar, o doente joga no ar partículas que contém o bacilo. De acordo com o Ministério da Saúde, em um ano, um indivíduo contaminado pode infectar de 10 a 15 pessoas.
Nem todos os indivíduos expostos ao bacilo de Koch desenvolvem a tuberculose. Em cerca de 90% dos casos, o organismo consegue combater e controlar a bactéria, que além de não causar a doença, não é transmitida.
Mesmo nesses casos, se a pessoa passar por um período de imunodepressão, o bacilo pode ganhar força. Embora o risco de adoecimento seja maior nos primeiros dois anos, uma vez infectada, a pessoa pode adoecer em qualquer momento de sua vida.
Para não transmitir a doença, Genta sugere que os pacientes usem máscaras especiais durante todo o tratamento. “A tuberculose geralmente tem cura, mas pode ser potencialmente grave”, explica.