Associação Brasileira do Sono realiza ação neste sábado (17) para fazer o alerta: brasileiros estão dormindo bem menos do que o necessário
Fome em excesso, mau humor e até problemas de memória são condições cujas causas podem ser encontradas nas noites mal dormidas — fora os distúrbios relacionados ao sono, como a insônia e apnéia, é um fator mais simples que vem preocupando os especialistas: a população está dormindo cada vez menos, hábito que traz prejuízos ao bem-estar geral e às funções cognitivas.
Pensando nisso, neste sábado (17), a Associação Brasileira do Sono (ABS) está promovendo na Boca Maldita um dia para orientar e esclarecer dúvidas da população, com o tema “Respeite seu sono e siga seu ritmo” — as orientações vão até às 15 horas.
Um questionário também está sendo aplicado pela ABS com questões — como quantidade de horas de sono e hábitos antes de dormir — que vão detectar os hábitos de sono dos moradores de Curitiba.
“Nosso objetivo é alertar a população para respeitarem as horas de sono. Quando dormimos pouco temos prejuízos na memoria, humor e atenção. E, a longo prazo, pode desencadear doenças como obesidade, diabetes e hipertensão arterial” explica a neurologista Márcia Assis, membra da ABS e responsável pela organização do evento.
E as pessoas, segundo a médica, raramente associam condições — como a de se sentir cansado o tempo todo — com falta de sono.”As pessoas pagam academia mas não conseguem ir no fim do dia, ou não fixam o que estudam e não imaginam que é a falta de sono ou um sono de má qualidade que ocasiona tudo isso. Por isso, queremos fazer o alerta”, salienta Márcia.
“Compensar” resolve?
Fim de semana muita gente gosta de “tirar o atraso” das horas de sono não dormidas de segunda a sexta-feira. De acordo com Márcia Assis, isso não adianta: “as pessoas acham que a dívida estará paga no fim de semana, e não adianta. Ela continuará cansada. Demoramos cerca de três dias para recuperar nossas funções quando dormimos pouco. Não ter regularidade é muito ruim para o nosso relógio biológico. Por isso, reflita sobre as suas atividades e crie um ritmo”, orienta.
Quantas horas por dia?
As horas variam conforme a idade: adultos, dos 18 aos 64 anos precisam de sete a nove horas de sono por noite. Idosos com mais de 65 anos, de sete a oito. Adolescentes de oito a 10 horas e crianças em idade escolar (nove aos 11 anos) de nove a 11 horas. A regra geralmente é: quanto mais jovem, mais necessidade de sono, e vice-versa.
“Nos adultos, quem dorme menos de seis horas tem um prejuízo muito importante no trabalho, direção e aprendizado. E, infelizmente, essa é a realidade do adulto. Muita gente me disse hoje que dorme apenas cinco horas por noite, e não tem tempo nem para um cochilo depois do almoço”, conta Márcia.
Melatonina não trata a insônia
Com a liberação pela Anvisa no Brasil da melatonina manupulada, muita gente passou a fazer uso da substância para combater a insônia — Mária Assis esclarece que o hormônio, que começa a ser produzido pelo nosso corpo quando escurece, é um ritimador do sono, mas não trata os insones. “Quem tem insônia precisa de uma avaliação médica para ver qual é o tratamento necessário”, frisa.