Deputado Patrus Ananias, que cuidou dos programas Fome Zero e Bolsa Família nos governos Lula, surge como terceira via aos nomes de Jacques Wagner e Fernando Haddad
A discussão sobre nomes alternativos a Lula para disputar a Presidência é proibitivo dentro do Partido do Trabalhadores. Abertamente ninguém fala. Mas nos bastidores surge agora uma "terceira via" que corre por fora de Jacques Wagner e Fernando Haddad: a do advogado mineiro Patrus Ananias, o "inventor" do Bolsa Família. Durante seis anos, nos governos de Lula, ele comandou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pasta criada na gestão petista.
Sem manchas na carreia política e respeitado fora e dentro do partido, Patrus carrega um "defeito" para quem está nesse universo. Não é eleitoralmente ambicioso. Ao menos não demonstra. Se o desejam em alguma peleja eleitoral, é preciso ir atrás dele.
Patrus é deputado federal. Está no seu segundo mandato. Mas não morre de amores pelo Congresso. Tem vocação para o Executivo. É comum vê-lo nas muitas modorrentas sessões da Câmara sentado no seu canto, no espaço da bancada do PT, empunhando um livro e concentrado na leitura. Geralmente é Guimarães Rosa.
Patrus conduziu o Bolsa Família, que já foi chamado de maior programa de transferência de renda do mundo. O Bolsa é uma iniciativa que sofre pesadas críticas de adversários, mas que ninguém ameaça extingui-lo. Os opositores falam em aprimorá-lo, em criar "portas de saída", aperfeiçoá-lo, mas não ameaçam acabar com o projeto.
Religioso e atuante em questões e pautas sociais e dos direitos humanos, Patrus, dizem os amigos, sofreu em silêncio ao longo desses anos com o sangramento do PT, partido que ajudou a fundar e está desde 1981. Do mensalão à Lava Jato. Nunca cogitou sair e já foi alvo de abordagens grosseiras nas ruas, nessas manifestações intolerantes dos lados diversos da política. Ainda que não tenha seu nome citado nos casos que mancharam seu partido, correligionários e amigos.