Mário Rodrigues Júnior teria pedido R$ 1,2 milhão sobre as obras do Rodoanel, em São Paulo. À época, ele era diretor de Engenharia da Dersa
Nomeado nesta terça-feira (20/2) como diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Mário Rodrigues Júnior é citado por delatores na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ele ficará à frente do órgão até 18 de fevereiro de 2020. Júnior assume o lugar de Jorge Luiz Macedo Bastos, cujo mandato se encerra nesta semana.
O nome do atual diretor-geral foi mencionado em uma das delações da Odebrecht. Segundo Roberto Cumplido, ex-executivo da empreiteira, Rodrigues Júnior teria pedido R$ 1,2 milhão sobre as obras do Rodoanel, em São Paulo. À época, ele era diretor de Engenharia da Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, concessionária do governo paulista. O dinheiro, de acordo com o delator, seria usado em campanhas políticas. A construção foi licitada em 2006, na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).
Depoimento formal do ex-diretor da OAS Carlos Henrique Barbosa Lemos, em agosto do ano passado, também coloca o nome de Mário Rodrigues sob suspeição. Ele disse ter repassado R$ 2,3 milhões para o recém-nomeado diretor-geral da ANTT. Parte dos recursos teria sido paga em forma de doações eleitorais, e outra, em espécie.
Servidores são contra Segundo o presidente da Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras (Aner), Thiago Botelho, a nomeação pode trazer prejuízos para a agência em todos os sentidos.
“No momento em que a gente precisa cada vez mais de investimentos, promover um nome que não traz credibilidade e segurança para o mercado é frustrante. Não adianta o governo federal apontar como uma das prioridades o fortalecimento das agências reguladores e depois promover um nome envolvido em escândalos no meio do transporte”, disse.
Para Botelho, o mais correto seria o afastamento de Mário Rodrigues, e não sua promoção. “Atualmente, a ANTT tem diretores tão gabaritados quanto ele, servidores de carreira comprometidos com o serviço e que poderiam ocupar a vaga”, ressaltou o presidente da Aner.
Rodrigues Júnior nasceu em São Paulo. Engenheiro com especialização em Transportes, ele já ocupou uma diretoria na ANTT de 2008 a 2012. Também atuou no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP). Procurado, o diretor-geral informou não comentar conteúdos que serão objeto de exame pelo Poder Judiciário.