O país está na mesma posição desde 2012, quando o ranking da CNI começou a ser divulgado, e só fica à frente da Argentina, que ainda pode nos superar
O Brasil está em penúltimo lugar em um ranking de competitividadeda Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 18 países divulgado nesta quinta-feira (15).
O país está na mesma posição desde 2012, quando o ranking começou a ser divulgado, e só fica à frente da Argentina, mas já corre o risco de ser superado pela vizinha.
Isso porque a Argentina teve avanços recentes e passou à nossa frente em 2017 em dois fatores: ambiente macroeconômico e ambiente de negócios, onde somos último lugar.
No fator Ambiente Macroeconômico, taxa de inflação, dívida bruta, carga de juros elevadas e baixa taxa de investimento contribuem para a falta de competitividade brasileira.
No fator Ambiente de negócios, o Brasil tem a colocação mais baixa em variáveis como Pagamentos irregulares e subornos, Transparência das decisões políticas, Facilidade em abrir uma empresa e Regras trabalhistas de contratação e demissão.
Além disso, a Argentina também supera o Brasil em outros três quesitos: disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística e educação.
“A Argentina vem melhorando seu ambiente de negócios e reduzindo o desequilíbrio das contas públicas”, afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, em nota para a imprensa.
O Brasil é último lugar também no pilar de Disponibilidade e Custo de Capital devido a fatores como a mais alta taxa de juros real de curto prazo e o maior spread de juros entre todos os países analisados.
Também temos a maior despesa sobre juros incidentes sobre a dívida do governo e perdemos três posições no quesito Desempenho do Sistema Financeiro por causa da piora na classificação de crédito.
O Brasil só não caiu para a última posição do ranking geral porque nos fatores em que estamos na frente, nosso desempenho é muito superior.
O Brasil teve em 2017 uma melhora importante, por exemplo, no quesito Disponibilidade e custo de mão de obra, com avanço da 11ª para a 4ª posição, de longe a nossa melhor colocação entre os fatores.
Isso pode ser explicado pela maior produtividade do trabalho na indústria brasileira, o alto custo da mão de obra nos países desenvolvidos e a recuperação da nossa taxa de crescimento da força de trabalho.
O Brasil também está na frente da Argentina em competição e escala do mercado doméstico (12º lugar contra 18º), peso dos tributos (15º lugar contra 18º) e tecnologia e inovação (13º contra 15º).
Metodologia
Os países analisados pelo ranking foram, na ordem de classificação: Canadá, Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha, Chile, Polônia, Tailândia, Turquia, Rússia, Indonésia, África do Sul, Índia, México, Colômbia, Peru, Brasil e Argentina.
Os fatores analisados foram disponibilidade e custo de mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico, ambiente de negócios, educação e tecnologia e inovação.
Estes fatores foram desdobrados em 20 subfatores, aos quais foram associadas 56 variáveis.
Vale lembrar que para medidas de competitividade não basta melhorar; para subir no ranking, é necessário melhorar mais do que seus seus competidores.
Um exemplo: o Brasil melhorou suas notas em todos os modais de transporte em relação ao ranking de 2016, mas como os outros países evoluíram mais, o único avanço relativo foi em Qualidade das rodovias (da 16ª para a 15ª posição).
No último ranking de competitividade do Banco Mundial, divulgado em setembro de 2017 e que emprega uma metodologia mais ampla, o Brasil parou de cair pela primeira vez desde 2012 e subiu de 81º para 80º entre 137 países analisados.
Já no no ranking da escola de negócios suíça IMD divulgado em maio do ano passado, o Brasil ficou no 61º lugar entre 63 países, com queda de 23 posições desde 2010.