O rombo na Petrobras causado pela prática de crimes como cartel e pagamento de propina já chega na casa dos bilhões de reais e a conta não parece estar perto do fim. Investigações ainda podem atingir novas diretorias ainda não exploradas pela PF
Prestes a completar 4 anos desde sua deflagração, a Operação Lava Jato ainda investiga irregularidades cometidas em uma das principais estatais do país. O rombo na Petrobras causado pela prática de crimes como cartel e pagamento de propina já chega na casa dos bilhões de reais e a conta não parece estar perto do fim.
Os números são conflitantes e não é possível dizer ainda quanto efetivamente foi o prejuízo da Petrobras causado pela corrupção. Somente nos Estados Unidos, a estatal vai desembolsar R$ 10 bilhões para pagar investidores norte-americanos que processaram a empresa por perdas provocadas pelo esquema investigado na Lava Jato.
O acordo foi firmado com a justiça norte-americana no início do ano. O pagamento das indenizações terá impacto no resultado da companhia do quarto trimestre de 2017, segundo a Petrobras. O valor equivale ao dobro do lucro acumulado pela empresa nos três primeiros trimestres do ano passado. Representa também 65% de tudo o que a empresa arrecadou até o momento na segunda fase de seu plano de venda de ativos, que tem como meta levantar US$ 21 bilhões até o fim do ano.
No Brasil, os acionistas também buscam uma reparação pelas perdas causadas pela corrupção descoberta na Lava Jato. Uma indenização semelhante à dos EUA a acionistas minoritários no Brasil provavelmente passaria de R$ 12 bilhões, podendo chegar à casa dos R$ 20 bilhões, conforme diferentes estimativas. O caso está em discussão na Câmara de Arbitragem de Mercado da B3 e também na Justiça – a Petrobras alega que foi vítima do esquema de corrupção para não indenizar os acionistas.
Prejuízo estimado
A própria Petrobras já admitiu em seu balanço que levou um prejuízo de R$ 6,4 bilhões por causa da corrupção desvendada pela Lava Jato. Mas o valor é bem diferente do apontado em laudo da Polícia Federal, realizado em setembro de 2016. Segundo os peritos, o prejuízo pode chegar a R$ 42 bilhões.
Seis empreiteiras investigadas na Lava Jato são responsáveis por R$ 20 bilhões do prejuízo estimado pela PF. A empreiteira que mais teria dado prejuízo à Petrobras é a Odebrecht (R$ 7,1 bilhões), seguida pela Queiroz Galvão (R$ 4 bilhões), Camargo Correa (R$ 3,9 bilhões), UTC (R$ 2,2 bilhões), Andrade Gutierrez (R$ 1,4 bilhão) e OAS (R$ 1,2 bilhão). O laudo da PF analisou os contratos da Petrobras com empresas cartelizadas entre 2004 e 2014.
O prejuízo ainda pode ser maior. Por enquanto, as investigações da Lava Jato estão concentradas em diretorias específicas da estatal, como as diretorias de Abastecimento, Gás e Energia, Serviços, Internacional e em subsidiárias da Petrobras, como a Transpetro e a BR Distribuidora. Os investigadores já afirmaram, porém, que podem abrir novos flancos de investigação em outras áreas ainda não exploradas, como na Comunicação da estatal.
Devolução
Ao longo dos quase 4 anos de investigação, as forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília já conseguiram devolver aos cofres da estatal um total de R$ 1,4 bilhão desviados no esquema de corrupção. Os recursos foram devolvidos por colaboradores que fizeram delação premiada ao longo das investigações.
Apesar de baixo se considerado a estimativa da PF de quanto foi desviado da estatal, o valor ainda é um recorde para o Brasil. Segundo os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), a Lava Jato foi a investigação que devolveu mais dinheiro aos cofres públicos na história do país.