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EXCLUSIVO: Inocentado por assassinato em São Paulo é hoje advogado na Lava Jato

Após 27 anos sem dar entrevista, Jorge Bouchabki falou ao jornal 'Folha de S.Paulo' sobre carreira e tragédia familiar


Após 27 anos sem dar declarações à imprensa, Jorge Bouchabki, inocentado por falta de provas no crime da Rua Cuba, em 1988, volta aos holofotes, agora como advogado de réus da Operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na edição desta sexta-feira, ele falou sobre a tragédia familiar na qual foi acusado de matar seus pais e sobre os processos atuais do maior escândalo de corrupção da história do país.


Na véspera do Natal de 1988, Jorge e sua mulher, Maria Cecília, pais de Bouchabki, foram mortos em sua casa, na Rua Cuba, localizada no Jardim América, bairro nobre de São Paulo. “Eu nunca fui tratado como suspeito. Ser tratado como suspeito eu até entenderia. Mas me trataram sempre como culpado. Eu fui condenado pela imprensa”, disse o advogado ao jornal.


Após um longo processo, Bouchabki foi absolvido pela Justiça por falta de provas em duas instâncias. “Eu não tenho problema em falar sobre o assunto. Eu não matei meus pais. Estou tranquilo”, afirmou.

O advogado usa o crime no qual foi apontado como principal suspeito para justificar a escolha de sua profissão. “Eu já fui vítima de uma acusação sem provas e não quero cometer o mesmo erro que cometeram comigo”, diz.


Na entrevista, ele reclamou até da maneira como era identificado nas reportagens. “Eu nunca fui chamado de Jorginho. O meu apelido em casa e com os amigos era Ginho. Esse negócio de Jorginho foi invenção de jornalistas. Eu odeio ser chamado assim”, disse. “Por isso eu peguei aversão a policial, promotor e a jornalista.”


Bouchabki é advogado de João Muniz Leite na ação da Lava Jato em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ser o dono de um apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo do Campo. O imóvel está no nome do empresário Glaucos da Costamarques e foi comprado com dinheiro da empreiteira Odebrecht. Leite trabalhou como contador para o petista e foi quem levou os recibos do aluguel para Costamarques assinar.


Outro réu defendido por ele, segundo o jornal, é Alexandre Margotto, ex-sócio do operador Lúcio Funaro, acusado em duas operações da Polícia Federal de participar de um esquema que extorquia empresários com interesse em financiamentos na Caixa.

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