O lucro obtido no mercado financeiro à época da divulgação dos seus acordos de delação premiada pode ter sido fruto de insider trading
O grupo J&F, dono da JBS, iniciou novas conversas com o Ministério Público Federal (MPF) que podem resultar numa repactuação do acordo de leniência da empresa. As novas tratativas, ainda incipientes, segundo uma fonte revelou ao jornal o Estado de São Paulo, incluiriam a confissão dos irmãos Joesley e Wesley Batista sobre o crime de informação privilegiada (insider trading, em inglês) que resultou em lucro no mercado financeiro, à época da divulgação dos seus acordos de delação premiada.
Joesley e Wesley tiveram prisão preventiva decretada no âmbito da Operação Acerto de Contas, segunda fase da Tendão de Aquiles, que investigou o uso indevido de informações privilegiadas em transações ocorridas entre abril e 17 maio de 2017, data de divulgação de informações relacionadas a acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República. Joesley também cumpre mandado de prisão por causa de omissões em sua delação premiada.
Segundo a investigação da Polícia Federal (PF), às vésperas do vazamento da delação, Joesley determinou a venda de 42 milhões de ações da JBS a R$ 372 milhões. Ao mesmo tempo, a própria JBS, presidida por Wesley, passou a recomprar esses papéis, diluindo as perdas com a desvalorização das ações no momento em que a delação fosse divulgada.
Além disso, um dia antes de a delação dos executivos da JBS vazar, a empresa foi a segunda maior compradora de dólar no Brasil, segundo a PF. Segundo o Ministério Público Federal, somente as operações em dólar somaram R$ 3 bilhões, rendendo lucro de US$ 100 milhões aos empresários.