Relatório internacional condena exportação pelo Brasil de bombas usadas contra civis no Iêmen
O Brasil está sendo acusado de vender bombas de fragmentação, que quando falham, contaminam áreas enormes com munição que é detonada acidentalmente. A BBC Brasil relata que em pelo menos dois casos registrados no Iêmen, as bombas “cluster” foram usadas contra civis. Em um deles, atingindo crianças.
As bombas cluster (ou bomba de fragmentação) são armas que, quando disparadas, se abrem e dispersam. Assim, criam centenas de munições menores, ampliando seu poder de alcance e atingindo uma área equivalente a diversos campos de futebol, segundo a Coalizão de Munições Cluster (CMC, na sigla em inglês).
As bombas cluster são proibidas por um tratado internacional de 2008, que tem a adesão de 102 países, mas não do Brasil.As bombas cluster são proibidas por um tratado internacional de 2008, que tem a adesão de 102 países, mas não do Brasil.Atualmente, a única empresa da qual se tem conhecimento que produz essas munições é a Avibras, localizada no interior de São Paulo.À época que o uso de munição brasileira foi denunciado no Iêmen, a empresa não reconheceu como sendo seus os artefatos descobertos no país árabe.
Em nota à BBC Brasil nesta semana, a Avibras afirma que seus produtos de defesa “atendem aos princípios humanitários preconizados pelos acordos internacionais e contam com dispositivos de autodestruição, (…) que não geram material ativo remanescente no solo que possa vitimar inocentes após os combates”.
Canineu, da Human Rights Watch, diz no entanto que o tratado internacional sobre o tema também engloba as armas com poder de autodestruição, uma vez que há documentação de altos índices de falhas técnicas nessas munições.