Dona de dois apartamentos no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro, e de um subsídio bruto mensal de R$ 30.471,11, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Marianna Fux ainda recebe mensalmente auxílio-moradia de R$ 4,3 mil. As informações foram publicadas primeiramente pelo Buzzfeed News.
O pai de Marianna é o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, autor de uma polêmica decisão tomada pela Corte sobre o benefício. Em 2014, ele ampliou, em caráter liminar, o direito de auxílio-moradia a todos os magistrados brasileiros que ainda não o recebiam. Só agora, Fux liberou o caso para ser pautado para julgamento. Segundo a reportagem, essa demora resultou em gastos de mais de R$ 2 bilhões graças a acréscimos aos salários dos juízes.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Marianna Fux recebeu, em novembro — último dado disponível –, além do salário de R$ 30,4 mil e do auxílio-moradia de R$ 4,3 mil, auxílio-alimentação de R$ 1.800. O total: R$ 36,5 mil por mês.
Com esses benefícios, a desembargadora, com menos de dois anos de tribunal, ganha quase o mesmo que o pai, que tem proventos mensais de R$ 37,4 mil.
Procurada pela reportagem, Marianna Fux disse, por meio de sua assessoria, que recebe os valores da mesma maneira que outros colegas, de acordo com a lei e o CNJ.
Valorização Os apartamentos de Marianna ficam a menos de um quilômetro da praia. Um deles é doação do pai para ela. Os dois foram registrados em cartório com valor somado de R$ 2,1 milhões. Mas, com a forte valorização imobiliária no Leblon, hoje valem muito mais.
Na doação do apartamento, em 2015, o valor atribuído foi de R$ 920 mil. Porém, um no mesmo prédio é vendido atualmente por R$ 2 milhões, sem estar reformado. Antes, em 2009, Marianna havia comprado um imóvel, também no Leblon, por R$ 1,2 milhão.
Escolha polêmica Marinna Fux tem 37 anos e, em março de 2016, assumiu no TJRJ a vaga deixada pelo desembargador Adilson Macabu, que se aposentou. A escolha da nova integrante da Corte ocorreu um ano e meio depois do início do processo seletivo.
De início, Marianna teve a candidatura impugnada sob a alegação de que não teria comprovado o exercício ininterrupto da advocacia, exigido pela própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Isso paralisou todo o processo de seleção. Mas, menos de um mês antes da posse no tribunal, a OAB-RJ julgou o pedido de impugnação improcedente por ter sido apresentado fora do prazo.
A advogada, então, entrou na lista sêxtupla da Ordem, enviada para o TJRJ. Em 7 de março, o tribunal escolheu Marianna como uma das três indicadas da Corte para a vaga. Ela recebeu 125 votos de um total de 180. Os nomes apontados foram levados ao governador Luiz Fernando Pezão, que escolheu a advogada para o cargo.