O relatório aponta que a crise se intensificou na medida em que os padrões democráticos da América foram corrompidos e ressalta a saída dos Estados Unidos como principal defensor e exemplo de democracia no mundo.
Para Michael J. Abromowitz, presidente da organização, “o governo de Trump quebrou o consenso político dos últimos 70 anos, deixando de lado a democracia, que era a força motriz da política externa dos EUA. A retirada acelerada dos Estados Unidos do seu papel histórico como principal defensor da democracia no mundo torna os regimes autoritários mais poderosos”.
O documento afirma que vinha sendo observada uma lenta deterioração dos direitos políticos e liberdades civis nos Estados Unidos nos últimos sete anos. No entanto, o declínio acelerou em 2017 devido à crescente evidência de interferência russa nas eleições de 2016; às violações de padrões éticos básicos por parte da nova administração; e uma redução da transparência do governo.
O relatório mapeou os países do mundo em três níveis: livres (45%), parcialmente livres (30%) e não-livres (25%). Há subdivisões em quesitos como direitos políticos e liberdades civis. E os países (e algumas regiões) são classificados de 1 a 7, sendo 1 mais livres e 7 menos livres.
América Latina
Em relação ao Brasil, o estudo classificou como um país livre, com nota 2 em ambos os quesitos (direitos políticos e liberdades civis) e é o 73º país no ranking dos mais livres. No entanto, o relatório fez referência negativa às extensas investigações de corrupção, que implicaram líderes políticos.
Na Venezuela, o estudo alerta para a determinação do presidente Nicolás Maduro de permanecer no poder e para a crise humanitária que levou milhares de pessoas a buscar refúgio em países vizinhos. O país foi classificado como não-livre e está na 164º posição no ranking, que analisou 208 países e territórios.
Paraguai, Colômbia, Equador e Bolívia foram classificados como parcialmente livres.
Mundo
Em 2017, 71 países sofreram diminuição dos direitos políticos e das liberdades civis. Países que já foram promissores, como a Turquia, a Venezuela, a Polônia e a Tunísia, estão entre os que sofreram um declínio nos padrões democráticos. Desde o início do declínio, em 2006, 113 países pioraram e apenas 62 países experimentaram melhoria.
“A democracia está enfrentando sua crise mais séria em décadas”, afirmou Abromowitz. “Os princípios básicos da democracia, incluindo as garantias de eleições livres e justas, os direitos das minorias, a liberdade de imprensa e o estado de direito, estão sob cerco em todo o mundo”.
O documento afirma ainda que a China e a Rússia “aproveitaram o declínio das principais democracias para aumentar a repressão e exportar sua má influência. Para manter seu poder, esses regimes autocráticos estão ultrapassando suas fronteiras e trabalhando para sufocar debates abertos, perseguir dissidentes e prejudicar instituições legais”.
Entre os 49 países classificados como não-livres, há 12 que obtiveram menos de 10 pontos em uma escala de 100, nos quesitos direitos políticos e liberdades civis. São eles, Síria, Sudão do Sul, Eritreia, Coreia do Norte, Turcomenistão, Guiné Equatorial, Arábia Saudita, Somália, Uzbequistão, Sudão, República Centro-Africana e Líbia.
Ranking
Os países melhores colocados no ranking são Finlândia, Noruega, Suécia, Canadá e Austrália. Os Estados Unidos ficaram na 53º posição.
Foram classificados como livres 88 países. Neles residem mais de 2,9 bilhões de pessoas, ou seja, 39% da população global.
Os países parcialmente livres são 58, ou 30% de todos os países avaliados, e eles abrigam cerca de 1,8 bilhão de pessoas, ou 24% do total mundial.
Foram considerados não-livres 49 países. Neles vivem quase 2,7 bilhões de pessoas, ou 37% da população global. Vale ressaltar que mais de metade desse contingente vive em apenas um país: a China.