Neste fevereiro, o bairro Caiari não verá o desfile do segundo mais antigo e maior bloco carnavalesco da capital por causa de dívidas com o município
O título é trecho de uma marchinha do bloco Galo da Meia Noite, entoada por 25 anos em Porto Velho.
Neste fevereiro, o bairro Caiari não verá o desfile do segundo mais antigo e maior bloco carnavalesco da capital por causa de dívidas com o município.
Em 2017 o Galo desfilou por força de liminar e por boa vontade do prefeito rolou uma renegociação para quitar os débitos, mas foi impossível honrar o parcelamento.
Não se discute o dever da prefeitura em cobrar, nem se impede o choro com a ausência do bloco que tem um dos mais ricos acervos de marchinhas com fatos e personagens históricos do carnaval da capital.
O silêncio no terreiro do Galo será como uma marcha fúnebre.
O preço que o antigo ‘bloco de sujo’ com essência popular paga por se transformar num ‘superbloco’ é a morte.
Como o Galo, muitos blocos símbolos da nossa tradição momesca foram apagados do calendário cultural.
A burocracia para ocupar as vias públicas e a cobrança de taxas e impostos condenaram à morte blocos tradicionais, sem distinção.
E muito por culpa da desgraçada Lei que regulamentou eventos de grande porte que em seu Art. 1º sacramenta: “A promoção e realização de eventos de grande porte, com ou sem finalidade lucrativa, em espaços públicos ou privados, ficam condicionadas às disposições presentes nesta Lei.”
É importante destacar que muitos só conseguiram manter os desfiles com a pouca venda de camisetas/abadás, pois o apoio financeiro do poder público nunca foi perene.
Houve sempre mais intenção em atrapalhar que ajudar a manter as manifestações carnavalescas. A compensação social dos eventos populares vem sendo desprezada por uma arrecadação sem importância.
A renúncia a tão baixos valores deve ser admitida com um investimento, afinal, é de cultura que estamos falando.
O que fazer para que o poder público exerça seu dever constitucional de fomento à cultura para que patrimônios como o Galo não desapareçam?
O que sugiro é a isenção de taxas e impostos a quem promover atividades sem fins lucrativos relacionadas ao carnaval, como fazem as escolas de samba, blocos carnavalescos ou folclóricos, trios elétricos e semelhantes. Com garantia de apoio financeiro, claro.