Parlamentar gastou em oito anos de mandato R$ 2,5 milhões do "cotão" dado pela Câmara como auxílio a atividades públicas
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) divulgou nas redes sociais nesta terça-feira (9) um número inflado da suposta economia que teria feito aos cofres públicos nos últimos oito anos. O presidenciável publicou uma tabela anual com o total de seus gastos do "cotão", a verba mensal que cada deputado tem para custeio de atividades relacionadas às suas atividades legislativas. Com a inscrição "aguardando divulgação por parte da Folha de S.Paulo e demais órgãos de imprensa" e sua foto, Bolsonaro afirmou na publicação que teria devolvido aos cofres públicos R$ 1,291 milhão de 2010 até 2017. A reportagem checou os números com base em dados oficiais e públicos da Câmara. Na verdade, segundo as informações divulgadas oficialmente pela Casa, o deputado gastou muito mais do que publicou na tabela. Pelos dados da Câmara, o parlamentar gastou nos oito anos R$ 2,5 milhões do "cotão", não R$ 1,7 milhão, como publicou. Com isso, ele deixou de utilizar, na verdade, R$ 486 mil, e não R$ 1,291 milhão. A média ficou em R$ 61 mil por ano. Reembolso Bolsonaro também não "devolveu" esse dinheiro, como indicou em sua publicação, já que a Câmara não "credita" valores para que os deputados gastem. Ela, na verdade, reembolsa eventuais custos, mediante apresentação de comprovantes. As despesas referentes a 2017 podem aumentar porque o gabinete tem até este mês de janeiro para prestar contas de dezembro passado. No domingo (7), a Folha de S.Paulo publicou que o presidenciável e seus três filhos parlamentares multiplicaram o patrimônio na política, reunindo atualmente 13 imóveis em áreas valorizadas do Rio e de Brasília, com preço de mercado de cerca de R$ 15 milhões. Na segunda (8), a Folha de S.Paulo mostrou que Jair e seu filho Eduardo, também deputado federal, receberam R$ 730 mil de auxílio-moradia da Câmara desde 1995 (Eduardo desde 2015) mesmo tendo apartamento próprio em Brasília. Procurada pela reportagem no início da noite desta terça, a assessoria de Jair Bolsonaro afirmou que estava "apurando a falha". A publicação nas redes sociais do valor errado ocorreu no início da tarde.