Uzêda voltou a afirmar que teve sua hospedagem paga pelo PMDB, e benzeu o presidente Michel Temer contra macumba
O homem que se apresenta como pai de santo e que nesta terça-feira (19) benzeu o presidente Michel Temer durante a convenção nacional do PMDB teve sua hospedagem em um hotel de quatro estrelas de Brasília paga pelo partido.
De acordo com a administração do San Marco Hotel, as despesas com quatro diárias e alimentação de Roberval Batista de Uzêda, 52, conhecido como Pai Uzêda, foram faturadas em nome do diretório nacional do PMDB, que também hospedou outros participantes do evento no local. A informação foi antecipada nesta quarta (20) pela coluna "Expresso", da revista "Época".
Questionado pela reportagem do UOL nesta terça, ainda durante a convenção, o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), descartou a relação do partido com o pai de santo e disse que Uzêda não foi contratado pela legenda.
Nesta quarta, por telefone, Uzêda voltou a afirmar que teve sua hospedagem paga pelo PMDB, reforçando o que havia dito a jornalistas durante o evento. Temer foi "benzido" contra doenças. Vestido de branco, ele benzeu Temer com ramos de uma planta chamada guiné, "usada contra morte e doença". O presidente abriu os braços para receber o "passe".
Uzêda afirmou que esteve no Palácio do Jaburu, residência oficial do peemedebista, e no gabinete de Temer no Palácio do Planalto. Na ocasião, ele também disse ter sido trazido do Rio de Janeiro para Brasília para benzer e livrar de "macumba".
O pai de santo declarou ao site Uol que "Fizeram um trabalho de vodu contra Temer, por isso que ele teve doença. Jogaram pesado contra o presidente".
Ele diz ter sido chamado por Temer e pela primeira-dama Marcela, da qual afirma ser pai de santo. O Palácio do Planalto nega qualquer relação de Uzêda com o casal. Um assessor presidencial disse que ele tenta "faturar" com todos os presidentes desde Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Na identificação, ele "oferece serviço espiritual de limpeza do corpo através de defumação, jogo de búzios africanos e defumações em residências e escritórios para eliminar trabalhos de macumba e olho gordo".
Uzêda afirma seguir a linha branca da umbanda. Em 2014, ele foi candidato a deputado estadual do Rio de Janeiro pelo PP. Com apenas 108 votos, não conseguiu se eleger.
Em março de 2015, ele invadiu o Palácio do Planalto para, segundo informou, tentar alertar a então presidente Dilma Rousseff (PT) em relação ao então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Nove meses depois, o então presidente da Câmara autorizou a abertura do processo de impeachment, o que levou à saída da petista da Presidência.