Grupo dos irmãos Batista teria pago R$ 160 milhões para agilizar liberação de créditos tributários. Investigação começou após delação da JBS, e é um desdobramento da Lava Jato.
Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal deflagraram, na manhã desta segunda-feira (11), uma operação para investigar o pagamento de R$ 160 milhões em propinas para acelerar a liberação de créditos tributários do Fisco a empresas do grupo JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Um auditor-fiscal da Receita já foi afastado judicialmente e oito pessoas físicas e jurídicas tiveram os bens bloqueados por suspeita de envolvimento no esquema.
Ao todo, 14 mandados de busca e apreensão são cumpridos na operação, batizada de Baixo Augusta. Eles têm como alvos residências e empresas na capital paulista e nas cidades de Caraguatatuba, Campos do Jordão, Cotia, Lins e Santana do Parnaíba.
A investigação teve início a partir do acordo de delação premiada selado com executivos da JBS - trata-se de um desdobramento da Lava Jato.
Os delatores contaram que um auditor-fiscal recebeu altas quantias de dinheiro para agilizar, ilicitamente, a liberação de recursos que a empresa teria a receber da Receita a título de créditos tributários. A denúncia foi encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Justiça Federal de São Paulo porque não envolve pessoas com foro privilegiado.
De acordo com a PF, há indícios de que o esquema de corrupção funcionou por mais de uma década, entre 2004 e 2017. Cerca de R$ 160 milhões em propina teriam sido movimentados no período.
As transações, segundo a polícia, aconteciam por meio de empresas de fachada e da emissão de notas fiscais falsas, e ajudaram a JBS a obter aproximadamente R$ 2 bilhões.