Quarenta e uma internas da Penitenciária Feminina do DF realizarão o exame nos dias 12 e 13 de dezembro: nove se formaram nesta semana
Nesta semana, o Presídio Feminino do Distrito Federal (PFDF), a Colmeia, foi palco de um evento especial. Nove detentas receberam na quarta-feira (6/12) diploma de conclusão do ensino médio durante a festa de formatura do 3º ano do Centro Educacional nº 1 de Brasília, que funciona dentro da unidade prisional. Nos próximos dias 12 e 13, todas as recém-formadas farão o Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL). No total, 30.605 pessoas estão inscritas em todo o Brasil – 49 pertencem ao Sistema Penitenciário Federal.
O Enem PPL é uma das estratégias do Ministério da Educação (MEC) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para elevar a escolaridade e o acesso ao ensino superior de pessoas presas. Entre 2011 e 2016, participaram do exame mais de 197 mil presos.
As provas nas unidades prisionais seguirão as mesmas orientações do exame tradicional para aqueles alunos que buscam acesso ao ensino superior. A diferença é que serão aplicadas durante a semana, nas salas de aula das unidades prisionais de regimes fechado e semiaberto que assinaram termo de adesão com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A matrícula em faculdade para aqueles que estão em regime fechado dependerá da ajuda de familiares e amigos, além de autorização judicial e do diretor da unidade prisional. Algumas faculdades possuem convênio e fornecem curso no modo offline, mas com provas presenciais, aplicadas pelos professores. Nos demais casos, em que o regime de pena é mais flexível, basta a autorização judicial.
Sonho a caminho Presa e condenada por tráfico há cinco anos, Renata dos Santos Rodrigues, 24, chegou ao Presídio Feminino do DF com o ensino fundamental incompleto. Dentro da prisão, cursou todas as séries que havia deixado para trás. Na quarta, ela foi a oradora da turma na solenidade de formatura. Em sua fala, destacou: “Tomamos posse de um bem que jamais nos será tirado”.
Segundo Renata, a única coisa boa dentro da prisão são os estudos. “Aqui, particularmente, eu não me sinto presa. Com os professores ensinando e conversando, a gente esquece das celas, dos procedimentos de segurança. Nem parece um presidio”, relatou a aluna. Ao todo, 41 detentas da Colmeia farão Enem na próxima semana. “Se passar, vou fazer administração”, afirmou.
A diretora do PFDF, Deuselita Pereira Martin, conta que há 260 vagas na unidade para cursos de educação básica. As aulas acontecem durante a semana, nos turnos matutino e vespertino, menos às quintas-feiras, dia de visita. Segundo ela, 15 presas já cursam faculdade de dentro da prisão.
Convênio com instituição particular garante aulas não presenciais e provas com dias marcados. Os cursos mais procurados são administração, gestão de pessoas e contabilidade.