O novo secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), afirmou neste sábado, na 14ª Convenção Nacional do partido, que a sigla começa a completar seu desembarque do governo do presidente Michel Temer com a saída de Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo. De acordo com Pestana, já foram enviados recados à ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois, para que deixe a função. A única exceção será Aloysio Nunes Ferreira, que permanecerá no Ministério de Relações Exteriores. Para a legenda, diz ele, Aloysio é da cota pessoal de Temer e ocupa uma função de estado, e não de governo.
— O PSDB não podia virar as costas ao país. Nós cumprimos nossa missão e estamos
ando como encerrada a participação com a saída do Bruno Araújo e do Antonio Imbassahy. Continuaremos apoiando as reformas. O Aloysio exerce uma função de estado e ficará até o prazo de desincompatibilização. A Luislinda não é política, mas já deveria ter saído — afirmou Pestana.
A manutenção do PSDB no governo mesmo diante das denúncias contra Temer rachou o partido ao meio, o que se refletiu na votação da bancada da Câmara. A saída foi negociada no processo de eleição interna do partido. Pestana defendeu a posição dos tucanos que permaneceram no governo e votaram a favor de Temer.
— Não se troca de presidente como se troca de camisa — ponderou.
GOLDMAN DEFENDE DEMISSÃO DE LUISLINDA
Ao chegar na Convençao Nacional do PSDB, o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, também defendeu que Luislinda Valois deixe o cargo no ministério. Ela é a última remanescente no governo por indicação direta do PSDB.
No entanto, Goldman afirmou que a demissão de Luislinda deve ocorrer não em razão do desembarque programado do PSDB, mas devido à argumentação dada por ela para tentar acumular o salário de ministra com a aposentadoria de desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A ministra disse que o valor recebido a colocava na condição de "trabalho escravo".
— Os dois que estão no governo (Luislinda e Aloysio Nunes), estão porque querem e porque o presidente quer. Mas seria conveniente que ela deixasse o cargo. Foi muito infeliz a declaração que ela fez. Se ela pode acumular o salário com a aposentadoria, é o Judiciário que vai decidir. Mas falar em trabalho escravo foi uma infelicidade ímpar — disse o presidente interino do PSDB, cuja convenção vai eleger o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente da sigla.
Sobre possibilidade aliança com o PMDB de Temer nas eleições em 2018, Goldman disse que "tudo é possível".
— Só não é possível uma aliança com o entorno de Dilma e Lula — afirmou.
POSSIBILIDADE DE PRÉVIAS EM FEVEREIRO
Marcus Pestana afirmou ainda que o partido realizará prévias em fevereiro de 2018 se houver mais de um pré-candidato à Presidência da República. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que assume a presidência da legenda hoje, caminha para ser candidato, mas o prefeito de Manaus e ex-senador, Arthur Virgílio, se recusa a retirar sua pré-candidatura.
— Se houver mais de um nome, faremos prévias em fevereiro — afirmou Pestana.
Ele ressaltou que a história de Arthur Virgílio na legenda precisa ser respeitada, mas afirmou que Alckmin é o que o país precisa, na sua visão.
— Arthur não é um qualquer. Ele é diplomata, foi líder no Senado, é prefeito e tem uma expressão nacional. Alckmin, como governador pela quarta vez do estado mais importante em termos econômicos, é colocado como uma opção. Acho que o Alckmin reflete o que o Brasil precisa: a calma, a serenidade, a tranquilidade para trabalhar — disse o deputado mineiro.
Pestana disse que o senador Aécio Neves (MG), que foi candidato à Presidência em 2014 e deixa a legenda sob uma leva de acusações, vai focar seu futuro político em Minas Gerais, onde poderá se candidatar a governador, senador ou deputado federal, dependendo das avaliações políticas que serão feitas até junho de 2018.