Segundo Ministério Público Federal, construtora desviou R$ 1,6 milhão para contas do ex-ministro no exterior a pedido de Eduardo Cunha
O ex-ministro dos governos Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi denunciado pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF), na quinta-feira (7/12), por mais um crime de lavagem de dinheiro. Na denúncia, que foi encaminhada para a 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, o MPF argumenta que Alves se associou a Eduardo Cunha, Fábio Cleto, Lúcio Funaro e Alexandre Margotto para obter vantagens indevidas na concessão de recursos do FI-FGTS, da Caixa Econômica Federal. Alves está preso desde 6 de junho deste ano. A informação é do jornal O Globo.
Segundo a reportagem, a denúncia é resultado das investigações realizadas no âmbito da Operação Sépsis. As investigações apontaram que Alves se associou a Cunha, Cleto, Funaro e Margotto, com o objetivo de obter vantagens indevidas na concessão de recursos oriundos do FI-FGTS e das carteiras administradas do FGTS, da Caixa Econômica Federal para diversas empresas.
A acusação é referente às transações financeiras que o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados executou para encobrir a propina paga pela Construtora Carioca, uma das responsáveis pela obra Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. De acordo com o MPF, Henrique Eduardo Alves realizou transferências eletrônicas de uma conta titularizada por uma off-shore, da qual era beneficiário econômico, para outras contas sediadas em paraísos fiscais.
A ação penal, assinada por procuradores da República integrantes da força-tarefa Greenfield, em um primeiro momento, contextualiza como funcionava o esquema — já denunciado — instalado no âmbito da CEF. Acredita-se que, a pedido de Eduardo Cunha, a Construtora Carioca transferiu a propina para a conta titularizada pela empresa off-shore Bellfield, cujo beneficiário era Henrique Eduardo Alves. O total equivalente a mais de R$1,6 milhão foi creditado na conta Bellfield, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2011.
O texto revela que, segundo o MPF, as informações foram confirmadas por farta documentação oficial fornecida pelas instituições financeiras internacionais, decorrente da transferência da persecução penal de Henrique Alves da Suíça para o Brasil. Os dois sócios da Carioca, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, em colaboração premiada com o MPF, confirmaram as transferências para contas no exterior. Diante desses fatos, os investigadores passaram a focar a análise nas informações relativas às movimentações financeiras realizadas por Henrique Eduardo Alves posteriormente ao recebimento da propina.
Corrupção Passiva O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte denunciou, no fim de novembro, os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o lobista Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB, e outras cinco pessoas pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
De acordo com a acusação, os dois ex-presidentes da Câmara que estão presos receberam pelo menos R$ 3,5 milhões por meio do repasse de valores em espécie a Lúcio Funaro. Segundo o MPF, Alves e Cunha montaram um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Caixa Econômica Federal, entre os anos de 2011 e 2015. Entre as empresas que pagaram vantagem para Cunha e Alves, estão a Haztec, a Carioca Engenharia, a Aquapolo, a Sanentins, a BR Vias, a Eldorado Celulose, a Lamsa, a Brado Logística e a Moura Dubeux.