O advogado Francisco de Assis e Silva disse à Polícia Federal nunca ter dado dinheiro ao operador financeiro
O diretor jurídico da J&F Francisco de Assis e Silva rebateu, nesta quarta-feira (29/11), a versão de Lúcio Funaro sobre as notas no bunker com os R$ 51 milhões atribuídos a Geddel e Lúcio Vieira Lima. O operador financeiro afirmou à Polícia Federal (PF) reconhecer uma marca do Banco Original, pertencente à holding, nos papéis que envolviam os maços de dinheiro encontrados no apartamento em Salvador, alvo da Operação Tesouro Perdido. Já o delator da J&F diz nunca ter dado dinheiro a Funaro e também alega não reconhecer o tal sinal no material usado para organizar as cédulas.
O depoimento de Funaro consta em relatório que atribuiu lavagem de dinheiro e associação criminosa aos irmãos peemedebistas, a seus homens de confiança Job Brandão e Gustavo Ferraz, e à matriarca da família, Marluce Vieira Lima.
Para a PF, as investigações sobre o apartamento em Salvador revelam indícios de corrupção passiva conexos com a Operação Cui Bono?, a qual investiga Geddel por desvios à época em que era vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Um dos depoimentos que embasaram a tese de que o dinheiro do bunker teria origem ilícita é o de Funaro.
Ao ser apresentado a fotos dos maços de dinheiro encontrados no imóvel em Salvador, Funaro disse reconhecer referências ao Banco Original do Agronegócio, da J&F. “Lúcio Funaro informou que os valores envoltos em ligas, com um pedaço de papel onde havia impresso o valor constante do maço de dinheiro, era exatamente como retirava o dinheiro dos seus doleiros e repassava para Geddel”, afirmou a PF no relatório.
O operador ainda “mencionou que o dinheiro envolto com cinta contendo a inscrição ‘BOA’, era na verdade uma referência ao Banco Original do Agronegócio”. Segundo o relatório, Funaro explicou que “sabia disso porque já teria recebido dinheiro da mesma maneira do diretor jurídico do Grupo J&F Investimentos, senhor Francisco de Assis, e na ocasião o alertou sobre a facilidade de rastreamento do dinheiro”.
O diretor jurídico da J&F, no entanto, rebate a versão do delator e afirma que a “refuta veementemente”. Ele também afirmou desconhecer que “a inscrição BOA, numa cinta envolvendo dinheiro, se refira a Banco Original do Agronegócio, como Funaro disse em depoimento à Polícia Federal”.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Lúcio Funaro, mas ainda não obteve retorno.