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INÉDITO: Estava incentivando a JBS a se limpar, diz ex-procurador à CPI

Suspeito de favorecer empresa, Marcello Miller presta depoimento nesta quarta-feira



O ex-procurador Marcello Miller afirmou em depoimento à CPI da JBS que estava incentivando o grupo empresarial a se "limpar". Ele é acusado de ter auxiliado a empresa antes de deixar seu cargo no Ministério Público Federal (MPF). Miller questionou o pedido de prisão que foi feito contra ele pelo ex-procurador Rodrigo Janot, e negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.


Ele prosseguiu questionando a acusação de exploração de prestígio. Afirmou que essa parte se baseia em um trecho do áudio do diretor Ricardo Saud com o dono da JBS Joesley Batista. Saud afirma que Miller, Janot e uma pessoa de nome Cristian atuariam em um escritório de advocacia em acordo com um "dono" da empresa para a qual Miller estava indo. O ex-procurador destacou que o escritório no qual foi atuar, o Trench, Rossi e Watanabe, tem 19 sócios majoritários e trabalha com sistema de cotas. Observou que não conhece e nem achou na listagem do Ministério Público nenhum Cristian que pudesse se aposentar e ir atuar. Miller destacou o fato de sua prisão ter sido pedido enquanto prestava depoimento pela acusação que lhe era feita.— Ele (Janot) me imputou tipos penais que são fora da margem. Organização criminosa. Qual crimes eu teria me articulado para praticar? Eu estava incentivando uma empresa a se limpar. Obstrução de justiça? Pelo contrário, era desobstrução, era para que empresa fosse lá falar a verdade — disse Miller.


Miller negou que tenha deixado o Ministério Público Federal por "ganância". Disse que desejava ganhar melhor, mas que a área de atuação lhe motivou.


— Não agi por ganância. Se fosse, teria ido na área criminal, onde os honorários são mais altos — disse.

— Eu não vou ser hipócrita. Se me oferecem o mesmo salário, eu iria? Não iria. Óbvio que queria ganhar melhor. Mas eu não queria ficar milionário. Não foi ganância — complementou.


Ele afirmou que a minuta de um contrato de R$ 15 milhões de honorários para ser cobrado da JBS por êxito na leniência nunca chegou a ser assinado. Destacou ainda que devido à repercussão, o escritório Trench, Rossi e Watanabe decidiu por não receber nenhum recurso do grupo empresarial. Observou ainda que não foi essa banca quem conseguiu fechar o acordo com o MPF.



Miller rebateu ainda vinculações que foram feitas a ele como "braço direito" de Janot.

— Nunca fui braço direito de Janot. Não era amigo próximo, minha relação era funcional. A gente trabalhou junto. Não tinha nenhuma predileção por mim — disse o ex-procurador.


Ele afirmou que nem Janot nem o chefe de gabinete dele, Eduardo Pelella, tinham conhecimento de sua atuação para o grupo da JBS.

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