Argentinos não tiveram tempo de recuperar-se da morte dos cinco rosarinos em atentado
A alegria do presidente da Argentina, Mauricio Macri, pela vitória da aliança governista Mudemos nas legislativas de 22 de outubro passado não poderia ter sido mais efêmera.
Poucos dias após as eleições, os argentinos foram impactados pela notícia de um atentado terrorista em Nova York, o mais grave desde 2001, no qual morreram cinco compatriotas. A história de um grupo de dez amigos que estava na cidade comemorando 30 anos de formatura do ensino médio e terminou sendo alvo de um terrorista do Uzbequistão comoveu a cidade natal das vítimas, Rosário, e o mundo inteiro. Apenas duas semanas depois, um novo drama surpreendeu a Casa Rosada e todo o país: um submarino com 44 tripulantes sumiu sem deixar rastro, transformando-se na pior tragédia da Marinha argentina dos últimos 35 anos.
A esperança de encontrar o agora famoso ARA San Juan ainda existe, mas está se apagando. A cada hora que passa, as chances parecem diminuir e a angústia nacional aumenta. Nas redes sociais, milhares de pessoas pedem que o submarino apareça e que todos os tripulantes sejam encontrados vivos. O país está admirado pela participação de 12 países numa operação de resgate inédita no mundo. Até mesmo a Grã-Bretanha ofereceu ajuda, deixando de lado as tensões bilaterais que ainda existem pela disputa em torno à soberania das Ilhas Malvinas.
Os argentinos não tiveram tempo de recuperar-se da morte dos cinco rosarinos. O drama do submarino chegou rápido e já dura uma semana. É o drama de 44 famílias de diversas províncias, hoje reunidas no balneário de Mar del Plata, a 400 quilômetros de Buenos Aires, onde vivem os tripulantes. Cada novo comunicado das Forças Armadas gera enorme expectativa, em todo o país. Fim de ano de emoções fortes para os argentinos, que ainda esperam não ter de lamentar a morte dos tripulantes do ARA San Juan.
Inicialmente, a Marinha argentina acreditou que poderia ter detectado sinais vindos do submarino. No entanto, após alguns dias, comprovou-se que os ruídos eram apenas sons biológicos. Enquanto cresce a aflição das autoridades e, sobretudo, das famílias dos tripulantes, as operações de busca realizadas por aviões e navios contam com extensa ajuda internacional. Mais de 12 países participam das tentativas de resgate, numa área de 500 mil quilômetros quadrados.
O governo brasileiro informou por comunicado que mobilizou três embarcações e que sua Força Aérea colabora, com duas aeronaves de patrulha e resgate. Um mini-submarino dos Estados Unidos chegou no último domingo à Argentina, onde será usado para uma eventual operação de resgate do submarino argentino, na qual também participará um buque da petroleira francesa Total.
Uma operação de alerta preventivo foi organizada em hospitais de Comodoro Rivadavia, na Patagônia, onde os marinheiros poderiam ser levados se fossem encontrados. No entanto, as esperanças de que os tripulantes sejam encontrados com vida diminuem cada vez mais. Existe uma forte preocupação com os estoques de suprimentos básicos e, principalmente, oxigênio. Não se sabe por quanto tempo a equipe poderia sobreviver, uma vez que todas as condições dependem dos procedimentos tomados a bordo.