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ÚLTIMA HORA: Número de nascimentos no Brasil teve forte queda em 2016

Recuo maior que o esperado pelo IBGE e primeiro desde 2010 pode ser reflexo do medo da zika



O número de nascimentos ocorridos e registrados no país teve um forte recuo no ano passado, o primeiro desde 2010, aponta a pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2016, divulgada na manhã desta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, foram 2.793.935 nascimentos em 2016, uma queda de 5,1% frente ao ano anterior.

Gerente do Registro Civil do IBGE, Klívia Brayner de Oliveira conta que a “virada” no número de nascimentos no país já era esperada diante das mudanças no perfil demográfico brasileiro indicadas pelo último censo geral realizado pelo instituto, em 2010, como o envelhecimento da população e a queda na taxa de fecundidade das brasileiras, mas o tamanho do recuo surpreendeu. Assim, ela acredita que algum outro fator deve ter impulsionado o fenômeno.


E embora destaque que este tipo de pesquisa não seja capaz de apontar qual seria este fator, Klívia acha que a explicação pode ser de certa forma simples: a epidemia de zika que varreu o país entre 2015 e 2016. E um indício disso, cita, é o caso de Pernambuco. Um dos estados mais atingidos pela doença e o consequente surto de microcefalia nos bebês de mães infectadas pelo vírus da zika durante a gravidez, Pernambuco registrou o maior recuo no número de nascimentos no ano passado, de 10%.


- As taxas de natalidade e fecundidade de fato vêm caindo no Brasil, com as mulheres adiando os planos de maternidade e tendo menos filhos, mas o tamanho deste recuo no ano passado chama a atenção – diz. - Mas além de um sinal da mudança no perfil demográfico do Brasil, que o censo de 2010 já indicava, há a possibilidade desta queda muito acima da esperada ter sido provocada por uma questão epidemiológica. Em 2015 vivemos o problema da epidemia de zika e as mulheres brasileiras ficaram com muito medo da microcefalia, o que pode ter feito algumas delas abandonarem seus planos de engravidar naquele ano dos bebês que nasceriam em 2016. Não posso afirmar isso porque a pesquisa não é desenhada para identificar estes fatores, mas existe essa possibilidade.


O levantamento do IBGE também mostra que os brasileiros casaram menos no ano passado. De acordo com os números apurados pelo instituto, foram registradas 1.095.535 uniões no ano passado, 3,7% a menos que em 2015, sendo 5.364 delas entre pessoas do mesmo sexo. Novamente ressaltando que este tipo de pesquisa não tem como apontar as causas desta queda, Klívia especula que ela teria sido provocada pela crise econômica que atinge o país.


- Os motivos disso podem ser temporários, como a crise econômica e o desemprego, que fazem as pessoas adiarem a ideia de casar, mas isso também não passa de especulação – considera.


Por outro lado, os brasileiros se separaram mais no ano passado. Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, foram registrados 344.526 divórcios no país em 2016, número 4,7% superior ao observado no ano anterior. Mais de 70 mil dessas ações foram feitas por meio de escrituras extrajudiciais em cartórios, mas mesmo entre as que passaram pela Justiça, cerca de 270 mil, a maioria foi consensual. E embora na maior parte das vezes a guarda dos eventuais filhos tenha ficado exclusivamente com as mulheres (74,4% dos casos), foi observado um importante avanço na chamada guarda compartilhada, cuja proporção cresceu de 12,9% em 2015 para 16,9% no ano passado.


Por fim, a pesquisa do IBGE também mostra um aumento no número de mortes no Brasil no ano passado. De acordo com o levantamento, foram registrados 1.270.898 óbitos em 2016, alta de 3,5% frente a 2015 e um aumento de 24,7% com relação a 2006. Segundo Klívia, os resultados também refletem as mudanças no perfil demográfico do país, bem como as melhorias no cenário socioeconômico brasileiro nas últimas décadas. Assim, enquanto em 1976 a fatia da população que mais morria era dos menores de 5 anos, com 34,7% do total, hoje a mortalidade infantil responde por apenas 2,9% dos óbitos no país. Já a participação dos maiores de 65 anos mais que dobrou no mesmo período, saindo de 29,1% em 1976 para 58,5% no ano passado.


- Esta alta nos óbitos já reflete o envelhecimento de nossa população, com mais pessoas chegando a idades mais avançadas, e esta população mais envelhecida está mais sujeita a óbitos – conclui Klívia.

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