Mineiro diz que saída garante isonomia à disputa pela presidência da sigla
Pressionado por ministros tucanos, o senador Aécio Neves (MG) destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB nesta quinta-feira (9).
Depois de conversar com tucanos governistas, Aécio foi pessoalmente ao gabinete de Tasso comunicar sua decisão.
No lugar do senador cearense, o mineiro indicou o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para o lugar. Goldman deve ocupar o posto até 9 de dezembro, quando está marcada a convenção nacional do partido.
Aécio argumentou que queria "isonomia" na disputa pela presidência do PSDB. Tasso disputa o cargo com o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Ele inicialmente pediu que Tasso deixasse o comando do partido. Como resposta, ouviu que se ele quisesse mudança no cargo deveria decidir pela destituição de Tasso.
A conversa, na manhã desta quinta-feira (9), teve tom ríspido. A destituição gerou reação imediata de tucanos que apoiam Tasso, dizendo que mais uma vez Aécio decepciona o partido. Eles acusam ainda o governo de Michel Temer de interferir na convenção nacional do PSDB.
Aecistas acusam Tasso de usar a estrutura partidária para promover sua candidatura. Citam como exemplo a publicação em destaque da notícia que o oficializa como postulante ao cargo na página oficial do PSDB. Além disso, estão descontentes com a postura "anti-Temer" que o tucano tem adotado.
Tasso assumiu interinamente o comando do partido em maio, após Aécio se licenciar do cargo por ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista.
A decisão de destituir Tasso foi interpretada por aliados do cearense como uma intervenção do governo de Michel Temer na disputa pela presidência do PSDB.
Aécio é um dos principais defensores da permanência da sigla na base do governo.
Ele passou os últimos dias em conversas com os ministros do PSDB. A sigla detém atualmente quatro pastas: Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy), Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Cidades (Bruno Araújo) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).
Na avaliação de tucanos, a decisão tomada nesta quinta por Aécio deu uma sobrevida aos ministros, que não deverão sair do cargo até a convenção de 9 de dezembro.
Contudo, se Tasso vencer a disputa, isso poderá selar o fim do apoio tucano a Temer.
Além dos ministros, Aécio levou em consideração ainda a avaliação de dirigentes de outros partidos da base como PMDB, DEM e PSD. A decisão vinha sendo construída com a participação de Perillo.
*
Quem é quem na crise do PSDB Tucanos graúdos disputam espaço dentro do partido em meio a racha
A direção nacional
Aécio Neves Presidente de direito do PSDB, licenciou-se, mas não renunciou ao comando do partido após denúncia da JBS, e nos bastidores mantém as articulações com o governo Temer
Editoria de Arte/Folhapress
Marconi Perillo Com apoio de Aécio, disputa a presidência do PSDB com discurso governista moderado; passou a defender um desembarque “educado” para conquistar Alckmin
Editoria de Arte/Folhapress
Tasso Jereissati Assumiu interinamente a presidência do PSDB em maio e entrou em atrito com Aécio ao defender ostensivamente e com apoio dos cabeças-pretas o desembarque do governo
Editoria de Arte/Folhapress
Disputa em SP
Geraldo Alckmin Governador de São Paulo e provável candidato a presidente da República, tem boa relação com Tasso, com interesse em assumir ele próprio o PSDB no ano eleitoral
Editoria de Arte/Folhapress
João Doria Prefeito de São Paulo, perdeu força na disputa interna com Alckmin pela candidatura à Presidência e tem em Alberto Goldman seu maior desafeto no ninho tucano
Editoria de Arte/Folhapress
José Serra Senador paulista e amigo de Goldman, foi ministro de Temer e defende o governo com moderação; possível candidato a governador, ainda quer a Presidência
Editoria de Arte/Folhapress
Presidente de honra
Fernando Henrique Cardoso Ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, é espécie de “voz da razão” no partido, próximo de Tasso e crítico ao governo Temer
Editoria de Arte/Folhapress