Ex-PGR teria sugerido apagar apagar dados do sistema do Ministério Público Federal se Raquel Dodge fosse nomeada procuradora-geral
Em sessão secreta na CPI da JBS, o procurador Ângelo Goulart Villela disse ter ouvido de Eduardo Pelella, braço direito de Rodrigo Janot, que seria necessário apagar dados do sistema do Ministério Público Federal se Raquel Dodge fosse nomeada procuradora-geral.
Segundo Villela, a conversa aconteceu em sua casa, em um almoço, em abril, dias antes de a delação premiada de Joesley Batista ser conhecida -no dia 17 de maio.
Pelella e Villela eram amigos e se encontravam frequentemente fora dos locais de trabalho. A amizade acabou depois da colaboração dos empresários da gigante das carnes.
O procurador foi delatado pela JBS e denunciado por Janot por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.Ele ficou preso por 76 dias e agora está afastado das suas funções no Ministério Público.
Segundo apuração da reportagem, Villela disse a senadores e deputados que a frase ouvida de Pelella foi de que seria preciso tirar "esqueletos dos armários".
De acordo com a versão do procurador, o braço direito de Janot não acreditava que Raquel seria nomeada, porque o presidente Michel Temer cairia antes da data da escolha em razão das delações, mas que as medidas de "limpeza" teriam de ser tomadas "caso" ela conseguisse chegar ao cargo.
Segundo relatos da sessão secreta, Villela disse não ter ouvido de Pelella o que exatamente teria de ser apagado.
Seu depoimento foi tomado na CPI no dia 27 de outubro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a primeira depois do período de prisão, Villela afirmou que o processo de colaboração premiada da JBS foi uma trama do ex-procurador-geral com o objetivo de derrubar Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no comando da PGR. Com informações da Folhapress.