Ex-presidente da Câmara vai esperar julgamento de apelação no TRF-4
Preso há um ano, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desistiu, por ora, de tentar convencer a Procuradoria-Geral da República (PGR) a aceitar um acordo de delação premiada. O político, que já teve uma proposta de delação negada na gestão de Rodrigo Janot, decidiu aguardar pelo menos até o julgamento de sua apelação no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, previsto para novembro. Cunha foi condenado em março pelo juiz Sergio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de dividas, e tenta reverter a decisão na segunda instância.
O ex-deputado já havia redigido mais de cem anexos e parou de trabalhar na sua eventual delação. Nas últimas semanas, ele passou a se dedicar a tentar desconstruir as acusações contra ele, lendo as delações premiadas que o incriminam. As que os incriminam mais são a do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e a do operador Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB da Câmara.
PORTAS FECHADAS NA PGR
Há cerca de três meses, antes de Rodrigo Janot deixar a PGR, Cunha tentou fazer um acordo de delação premiada com órgão. Depois de receber a negativa com o argumento de que entregava apenas os inimigos e poupava os amigos, ele fez uma nova tentativa e enviou um emissário para falar que queria reabrir as negociações. As portas estavam fechadas. A ideia do político era retomar as conversas quando Raquel Dodge assumisse, o que aconteceu em 18 de setembro.
Cunha tem se animado com decisões como as absolvições feitas pelo TRF-4 em relação ao tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso no Paraná há mais de dois anos. Vaccari teve duas condenações do juiz Sergio Moro revistas pela segunda instância. Além disso, avalia que a delação da JBS pode cair e que ele tem condições de mostrar mentiras do acordo de Funaro a ponto de abalá-lo.
O ex-deputado pediu que documentos, como a delação do operador, fossem incluídos no processo que responde em Curitiba, mas a solicitação foi negada pelo mesmo TRF-4.