Segundo Lúcio Funaro, empresário falava de suas demandas com o então ministro da Secretaria de Governo
O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou em delação premiada que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) mantinha contato com o empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, em seu apartamento na Bahia durante os fins de semana. Nos encontros, segundo o delator, Joesley falava das suas reivindicações com o governo e Geddel, então responsável pela Secretaria de Governo na gestão do presidente Michel Temer, dava as respostas.
O fato foi relatado por Geddel a Funaro, segundo afirmou o corretor em delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República. Segundo o operador, há mensagens telefônicas enviadas a ele por Geddel sobre o tema.
Tanto Geddel como Joesley estão presos. O ex-ministro foi preso preventivamente na sexta-feira, 8, após a Polícia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador (BA) ligado ao ex-ministro. Já Joesley começou a cumprir prisão temporária no domingo, 10, em São Paulo, após a Procuradoria-Geral da República identificar omissões no seu acordo de delação premiada.
As declarações de Funaro foram usadas pela Polícia Federal no relatório conclusivo sobre a formação de uma organização criminosa pelo PMDB da Câmara, o chamado “quadrilhão do PMDB”.
A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. O relatório da Polícia Federal e as revelações do operador financeiro devem embasar a segunda denúncia contra o presidente da República que vem sendo preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
COM A PALAVRA, MICHEL TEMER
Em nota, o presidente Michel Temer afirmou por meio de assessoria que “não tem relação pessoal com Lúcio Funaro” e que, “se esteve com ele, foi de maneira ocasional e, se o cumprimentou, foi como cumprimenta milhares de pessoas”.
COM A PALAVRA, GEDDEL VIEIRA LIMA
A defesa de Geddel Vieira Lima disse que vai se manifestar em juízo, “diante das reiteradas violações a seu direito de defesa”.