Em seu site, a Plataforma Sinergia usa a logomarca de pelo menos cinco empresas como se tivesse parcerias que nunca existiram
Em seu site, a Plataforma Sinergia usa a logomarca de pelo menos cinco empresas, instituições e associações como se tivesse com elas parcerias que nunca existiram. O prefeito João Doria quer incluir o composto na alimentação fornecida pela prefeitura de São Paulo.
No site da Plataforma Sinergia, uma foto de crianças africanas pedindo comida e uma imagem do Papa Francisco dividem espaço com o número de uma conta bancária para receber doações. Eles dizem que a cada dez reais, você mantém uma criança nutrida por um mês.
Pra dar mais credibilidade ao pedido, uma seção do site traz um roll de logomarcas dos supostos colaboradores da fabricante da "farinata". Quatro são vinculados à igreja católica e outros 12 de entidades variadas.
Procuradas pela CBN, cinco dessas entidades negaram qualquer tipo de parceria com a Plataforma Sinergia.
A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados e a Bemis do Brasil disseram que até havia uma possibilidade de parceria no passado, mas que isso não avançou. O Sesi e o Senai, da Federação das Indústrias de São Paulo, disseram que nunca tiveram qualquer relação com a empresa e pediram a retirada do logotipo. A Câmara Internacional de Comércio também negou que colabore com a produtora da "farinata".
Criticada por nutricionistas, a empresa também usou indevidamente a marca do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, que negou qualquer tipo de parceria.
Em resposta à CBN, a Conferência Nacional de Bispos e o Vaticano disseram que o apoio à Sinergia foi concedido por meio da Arquidiocese de São Paulo. A reportagem da CBN apurou que esse apoio à iniciativa tem desagradado setores da Igreja Católica.
O Ministério do Meio Ambiente também aparece como apoiador da iniciativa, mas o que há é apenas uma carta de resposta a um convite para um evento, enviada pela ex-ministra Isabella Teixeira em dezembro de 2013, sem relação com a atual gestão da pasta.
A dona da empresa, Rosana Perrotti, não quis gravar entrevista. Ela diz que cogita tirar as logomarcas do site porque a repercussão na mídia estaria incomodando os supostos apoiadores.
Ela disse ainda que tem mais de 200 parceiros, mas que não pode nomeá-los por questões de confidencialidade.
*Com colaboração de Renata Colombo