Aquela vontade insaciável de comer pode estar relacionada a células e hormônios. Um estudo realizado por pesquisadores do Hospital Universitário de Basileia, na Suíça, junto com colegas da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, mostrou que indivíduos com excesso de peso liberam menos hormônios da saciedade do que pessoas com peso considerado normal. O motivo seria o pouco número de células que são responsáveis pelo sistema digestivo.
— Existem substâncias químicas produzidas no intestino e neurotransmissores que atuam no sistema nervoso central e que interferem no apetite, no mecanismo da saciedade. Isso vai alterar o comportamento alimentar da pessoa — comenta o endocrinologista Francisco Tostes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Na pesquisa, os cientistas examinaram amostras do tecido gastrointestinal de 24 voluntários com peso normal e 30 pacientes obesos, antes e após cirurgia bariátrica. Em comparação com as pessoas magras, a liberação desses hormônios é reduzida nos obesos. Após realizarem a cirurgia de perda de peso, a quantidade de células aumenta novamente.
Para o médico, o objetivo do estudo é encontrar soluções para a obesidade:
— Acredito que os pesquisadores estão buscando novos medicamentos que atuem na produção dessas substâncias relacionadas à saciedade, que estão deficientes nas pessoas obesas. Acho válido. Só precisamos lembrar que nem sempre as pessoas comem por fome. Às vezes, elas têm uma relação afetiva com a comida.
Segundo a psicóloga Vanesca Medeiros, a sensação de prazer ao comer pode ser equiparado à das drogas:
— Comer muito, principalmente alimentos calóricos como doces, surge como uma compensação das fragilidades, para preencher o vazio emocional. Na hora dá um efeito prazeroso, e quando ele termina, a pessoa sempre vai querer mais.