Associação Brasileira de Halitose estima que 30% da população brasileira tem halitose
Você provavelmente já conheceu alguém que tem mau hálito. Muito mais do que o incômodo do dia a dia ou de uma questão social, este desconforto pode esconder outras doenças, como a diabetes e até mesmo problemas no coração. Nesta sexta-feira (21), Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito, o R7 conversou com o dentista e especialista em ciências dentais Mario Groisman sobre as principais causas e como combater a halitose, popularmente chamada de bafo. De acordo com o especialista, por meio do mau cheiro é possível identificar diferentes sinais e alertas ligados à saúde.
— O paciente diabético tem um hálito com mais ureia — substância produzida pelo fígado, após a digestão de proteínas —, característico de uma pessoa que está com o nível de glicose muito abaixo do normal. Isso também acontece em pessoas que estão em jejum por muito tempo. Agora, o paciente com doença periodontal, que afeta a gengiva e os ossos, é alguém que pode ter uma correlação forte com a endocardite bacteriana [doença infecciosa no coração].
A ABHA (Associação Brasileira de Halitose) estima que cerca de 30% da população brasileira tem halitose ou terá em algum momento da vida. De acordo com especialistas, existem mais de 60 fatores que podem alterar o cheiro da boca, mas a principal deles é a saburra lingual, que é uma placa bacteriana esbranquiçada [também poder amarelada ou amarronzada] e que se forma no fundo da língua.
Outras causas bastantes comuns são cáries, doenças metabólicas como hipertireoidismo e insuficiência renal, bulimia e leucemia. O problema também é comum em pessoas estressadas e em idosos que tomam antidepressivos, explica Groisman.
— Geralmente nós encontramos muitos idosos com mau hálito, isso tem a ver com a diminuição da saliva, por causa do uso de antidepressivos.
De acordo com a ABHA, cerca de 90% das causas têm origem na boca e apenas 2% no estômago. Entretanto, não existe uma faixa etária ou um sexo em que o problema é mais comum.
Diagnóstico e tratamento
Mario explica que a doença não tem sintomas e que geralmente o diagnóstico do mau hálito é feito dentro de casa.
— Normalmente é o companheiro, o parceiro ou o amigo que acaba falando, porque pouca gente tem intimidade para dizer esse tipo de coisa. É muito raro a pessoa chegar no consultório, já sabendo que ela tem mau hálito. Quando ela descobre é um grande problema, porque a autoestima abaixa, piora a qualidade de vida, porque a pessoa não quer sair, socializar.
Segundo o dentista, é necessário tratar as cáries e a doença periodontal, além de fazer a higienização correta da boca e realizar acompanhamento médico periodicamente.
— Aposte na escovação e fio dental duas vezes ao dia. Escove a parte de trás da língua evitando machucá-la, apenas removendo a camada de muco. Além disso, escove os dentes depois de ingerir alimentos com odor forte.
Cuidados bucais
Ingerir alimentos fibrosos como a maçã e a cenoura diminuem o mau hálito, porque eles raspam os dentes e tiram as bactérias, ajudando na higienização.
Por isso, Mario Groisman separou sete dicas para ajudar a combater o mau hálito. Veja abaixo:
-Evite alimentos como ketchup, mostarda, picles, alho e cebola, que só pioram o mau cheiro.
- Beba bastante água.
- Abuse dos alimentos crus, principalmente as frutas, que são ótimos para a limpeza dos dentes.
- Os chicletes e balas são um artifício para disfarçar o mau cheiro por algum momento, mas normalmente apresentam açucares que, em excesso, podem levar à carie, já que a higiene bucal não será feita imediatamente.
- Se for beber, intercale o consumo de bebida alcoólica com a água, já que o álcool diminui o fluxo da saliva, ressecando a boca e causando o mau hálito.
- Respirar pela boca é um hábito que também provoca ressecamento, promovendo uma descamação excessiva de células da mucosa bucal. Por isso, respire fundo pelo nariz.
- Use sempre o fio dental. Isso é fundamental para retirar o excesso de comida entre os dentes e evita o aparecimento do cheiro ruim!